A declaração consta em ofício assinado por Celso de Mello que autoriza que os procuradores João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita, elencados pela PGR, acompanhem o depoimento de Moro. O ministro Celso de Mello deu prazo de cinco dias para que o depoimento seja colhido.
Por Redação - de Brasília
Pressionado por agressões de seus antigos aliados, nas redes sociais, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro tem, agora, mais uma etapa pela frente na sua decisão de denunciar o presidente da República, Jairo Bolsonaro (sem partido), por uma série de crimes. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello pediu, na véspera, que o ex-ministro Sergio Moro seja ouvido pela Polícia Federal "pelo meio mais rápido possível".
A declaração consta em ofício assinado por Celso de Mello que autoriza que os procuradores João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita, elencados pela PGR, acompanhem o depoimento de Moro. O ministro Celso de Mello deu prazo de cinco dias para que o depoimento seja colhido.
No inquérito autorizado pelo STF, o procurador-geral da República, Augusto Aras, irá investigar as denúncias feitas por Moro de crimes supostamente cometidos por Jair Bolsonaro: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.
Mãe do Bolsonaro
Longe de ser uma unanimidade, no meio jurídico, Moro tem sido alvo de pesadas críticas no STF. Nesta sexta-feira, o ministro do STF Gilmar Mendes criticou o papel da mídia conservadora em alimentar “falsos heróis”, e citou o ex-juiz Sérgio Moro. O ministro cobrou, ainda, uma autocrítica do setor.
— Os meios de comunicação devem fazer uma análise crítica desses fenômenos — recomendou.
Mendes também deixou claro, em entrevista a jornalistas, nesta manhã, que o neofascismo só chegou ao poder ao Brasil porque antes houve um período de autoritarismo judicial com a cumplicidade da mídia. Para o ministro, a Operação Lava-Jato, da forma como foi conduzida por Moro, tornou-se a "mãe do bolsonarismo”. Ele acrescentou ser necessário ter mais cautela para a análise de todas as informações que ainda serão trazidas pelo ex-ministro da Justiça.
Em resposta a uma entrevista de Moro para uma revista semanal de ultradireita, o procurador-geral da República, Augusto Aras, refutou as afirmações de Moro e disse que “não aceita ser pautado ou manipulado ou intimidado por pessoas ou organizações de nenhuma espécie”.
Honra
Na entrevista, Moro classificou como intimidatório o fato de ser investigado no inquérito aberto pela PGR para apurar suas acusações contra o presidente Bolsonaro. O ex-ministro da Justiça e Segurança Público fez a crítica ao PGR em uma entrevista à Veja em que disse não ser mentiroso e afirmou que irá provar a tentativa de interferência do chefe do Executivo na Polícia Federal.
— Entendi que a requisição de abertura desse inquérito que me aponta como possível responsável por calúnia e denunciação caluniosa foi intimidatória. Dito isso, quero afirmar que estou à disposição das autoridades — disse o ex-juiz.
Além de investigar as acusações contra Bolsonaro, Aras também pediu autorização ao STF para investigar Moro. Segundo interlocutores da PGR, ele pode ser enquadrado em três dos oito crimes listados no pedido de abertura de inquérito: denunciação caluniosa, crime contra a honra e prevaricação.