Moro discursou em um evento sobre construções sustentáveis em Curitiba, em seu primeiro compromisso público desde que aceitou o convite de Bolsonaro. O juiz disse ainda que vê o cargo como predominantemente "técnico" e que trabalhará com aquilo que conhece.
Por Redação - de Curitiba e São Paulo
O juiz federal Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), é alvo de representações no Conselho Nacional de Justiça. A última delas, por preferir as férias à renúncia da magistratura, antes de ser nomeado.
Durante encontro, na noite passada, ele declarou que abandona a magistratura com "grande pesar" e que não se vê "ainda como um político verdadeiro”.
Carreira política
Moro discursou em um evento sobre construções sustentáveis em Curitiba, em seu primeiro compromisso público desde que aceitou o convite de Bolsonaro. O juiz disse ainda que vê o cargo como predominantemente "técnico" e que trabalhará com aquilo que conhece, a Justiça.
— Mantenho válida a promessa que fiz anos atrás de que jamais entraria na política. Não pretendo jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo — afirmou o integrante da ultradireita, que colaborou com a campanha do novo superior hierárquico.
Desde que aceitou assumir o ministério, o ex-juiz tem sido questionado por causa de uma entrevista ao diário conservador paulistano Estado de S. Paulo, na qual afirma que jamais entraria na política.
— Para mim, Ministério da Justiça e da Segurança Pública, eu estou indo para uma posição técnica, para fazer meu trabalho — tentou explicou.
Paulo Guedes
Ainda assim, reconheceu que isso "envolve certa política, conversar com as pessoas, buscar convencer os parlamentares a aprovar medidas legislativas" que se mostrarem oportunas.
— Sempre com ouvido aberto ao diálogo — acrescentou.
O magistrado era responsável pelas decisões em primeira instância da Operação Lava Jato e como ministro pretende fazer do combate à corrupção sua principal bandeira. Moro saiu de férias a partir desta terça-feira, por 17 dias e pedirá a exoneração da magistratura em janeiro.
No CNJ, porém, ainda pesam ao menos quatro representações apresentadas contra Moro. Uma delas levanta suspeitas quanto ao encontro dele com o economista Paulo Guedes, quando trataram da participação dele no novo governo.
Atividades políticas
Tento em vista o posto assumido por Moro, o corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins, disse a jornalistas que pretende dar celeridade aos casos e deverá decidir sobre eles nos próximos dez dias. Ele precisará analisar, ainda, o pedido de férias de Moro, em que deixa claro sua participação na equipe do presidente eleito, quando iniciará “as preparações para a transição de governo e para os planos para o Ministério (da Justiça)”.
“O fato de Moro não ter se exonerado, preferindo apenas tirar férias, é criticado por integrantes do CNJ. Um deles diz que “não existe o sujeito fazer plano de governo de toga” pois a Constituição veda a participação de juízes em atividades políticas. Martins analisará também o caso em que Moro divulgou conversas de Dilma Rousseff e Lula de forma inconstitucional, como definiu na época Teori Zavascki, do STF”, relata um dos diários conservadores paulistanos, nesta terça-feira.
Os grampos ocorreram em 2016, mas os atos de Moro não foram julgada pelo CNJ, até agora.