Moro utilizou sua conta na rede social X (antigo Twitter) para alegar que o Ministério da Justiça, sob a gestão de Flavio Dino, teria apresentado informações enganosas ao STF. Isso, em relação à cooperação da Operação Lava Jato com as autoridades suíças no caso Odebrecht.
Por Redação - de Brasília
A decisão histórica proferida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que invalidou as provas provenientes das delações da Odebrecht e questionou a prisão do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), causou uma turbulência de alta voltagem no campo político. O ex-juiz Sérgio Moro (UB-PR), hoje senador, tentou lançar suspeitas à decisão do ministro, mas foi interpelado de forma direta pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. Ele acusou o ministério de fornecer informações falsas ao ministro, o que teria afetado seu parecer.
Moro utilizou sua conta na rede social X (antigo Twitter) para alegar que o Ministério da Justiça, sob a gestão de Flavio Dino, teria apresentado informações enganosas ao STF. Isso, em relação à cooperação da Operação Lava Jato com as autoridades suíças no caso Odebrecht.
Moro alegou que isso teria levado um ministro a tomar uma decisão favorável a Lula e prejudicado centenas de investigações. Além disso, Moro afirmou que o Ministério da Justiça e a Advocacia-Geral da União (AGU) abriram investigações baseadas nesse suposto engano. Ele acusou procuradores e juízes de “crime de hermenêutica”
O ministro Flávio Dino, no entanto, foi rapidamente às redes sociais para desmentir as alegações de Moro. Ele esclareceu que não houve cooperação formal entre autoridades brasileiras e suíças nas investigações relacionadas à Odebrecht no prazo adequado. Dino também lembrou que Sergio Moro é notável suspeito e incompetente pelo STF. Caberia então ao ex-chefe da Lava Jato senador prestar explicações sobre suas decisões judiciais tomadas entre 2016 e 2017.
Resposta
Em sua resposta às acusações de Moro, Dino destacou que as informações fornecidas ao STF não passam pelo gabinete do Ministro da Justiça e estão devidamente apresentadas ao ministro relator no STF, que avaliará os fatos. O ministro finalizou sua resposta com uma nota irônica, desafiando Moro a explicar como provas de 2016 são instrumento de procedimento formal um ano depois.
Conforme apurou a reportagem do Correio do Brasil, nesta quinta-feira, o pedido formal para uma cooperação internacional com a Suíça foi feito antes mesmo de ser firmado o acordo de leniência com a Odebrecht, conforme o relatório técnico elaborado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao qual o CdB teve acesso.
De acordo com o documento, que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a primeira solicitação foi realizada no dia 17 de maio de 2016 por meio do departamento de cooperação internacional do Ministério da Justiça. O acordo de leniência com a Odebrecht, porém, foi firmado cinco meses e meio depois e a empreiteira se comprometeu a entregar as provas da corrupção.
‘Explique lá’
Moro, ao reagir pelas redes sociais, disse que o governo do presidente Lula forneceu "informações falsas" ao STF e protocolou um pedido para que o ministro da Justiça, Flávio Dino, dê explicações sobre o caso no Senado. "Com isso enganou um ministro (Toffoli) e obteve uma decisão favorável a Lula e que prejudicou centenas de investigações", disse no X.
No mesmo aplicativo de mensagens curtas, Dino rebateu o ex-magistrado e disse que é ele quem precisa dar explicações.
"Que o ex-juiz explique lá como utilizaram em 2016 provas que só foram objeto de procedimento formal em 2017", concluiu.