Ainda na conversa com pessoas do seu círculo profissional, Moraes teria reforçado que manterá a independência do Judiciário brasileiro como norma.
Por Redação – de Brasília
A vitória do candidato republicano de ultradireita, Donald Trump, à Casa Branca está longe de influenciar o destino do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Se o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que Bolsonaro é culpado, caso a Polícia Federal (PF) conclua o inquérito em curso sobre o seu envolvimento no golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, e proponha pelo indiciamento; uma vez aceito o processo pela Procuradoria Geral da Justiça (PGR), Bolsonaro cumprirá a pena definida. Ponto. Não importa se o presidente dos EUA seja Donald Trump ou outro ser humano qualquer.
Em síntese, é o que tem dito o ministro do STF Alexandre de Moraes, reservadamente a interlocutores, segundo publicou nesta quinta-feira o site brasiliense de notícias ‘Metrópoles’, na coluna do jornalista Paulo Capppelli. Moraes deixou claro que a eleição norte-americana não tem o condão de alterar o rumo de qualquer processo em andamento na Corte.
Ainda na conversa com pessoas do seu círculo profissional, Moraes teria reforçado que manterá a independência do Judiciário brasileiro como norma. Segundo o magistrado, o fortalecimento de instituições democráticas deve prevalecer, independentemente de pressões externas, ao sublinhar que os inquéritos seguirão seu curso sem “qualquer alteração de rumo ou recuo”.
Ilusão
Da mesma maneira que alguns bolsonaristas radicais acreditam que a Terra é plana, deputados e senadores das forças de ultradireita têm dito que a chegada de Trump ao governo norte-americano levará a um novo alinhamento astral e se abrirá um “caminho de conciliação” entre o Judiciário brasileiro e os interesses de Washington.
Os parlamentares que aderem a essa conjectura creem que o temor na base dos Três Poderes, de prejudicar a relação com a Casa Branca, poderia reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, o que o impede de disputar eleições no Brasil até 2030. Quanto aos demais processos ainda em curso — que poderão resultar na prisão do réu —, acreditam também que a PF, a PGR e todos os 11 ministros do Supremo, tremendo de medo, os iriam arquivar.
O próprio Bolsonaro, em sua defesa, disse publicamente nesta manhã que “Trump tem interesse” que ele seja anistiado e possa concorrer em 2026. Chegou a citar o ex-presidente de facto Michel Temer (MDB) como um possível vice, em sua chapa imaginária. De pronto, Temer negou qualquer intenção em concorrer ao cargo e considerou uma “brincadeira” as informações que circularam de que ele poderia estar ao lado de Bolsonaro, caso ele revertesse sua inelegibilidade.
— Achei esquisitíssimo — concluiu.