Lupi decidiu deixar o comando da pasta, na manhã desta sexta-feira, após conversar com correligionários sobre a decisão, diante da pressão popular para que o governo apure, e puna, os responsáveis pelo escândalo no INSS.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) substituiu o ministro Carlos Lupi no Ministério da Previdência, por outro nome do PDT. No caso, o ex-deputado Wolney Queiroz, 52 anos, segundo no comando da pasta e apoiado pela bancada federal.

Lupi decidiu deixar o comando da pasta, na manhã desta sexta-feira, após conversar com correligionários sobre a decisão, diante da pressão popular para que o governo apure, e puna, os responsáveis pelo escândalo no INSS. Lupi teria se comprometido a deixar o ministério para que a Polícia Federal (PF) apure, mais rapidamente, as denúncias.
Aos interlocutores, no entanto, Lupi disse que vem sendo “fritado” pelo núcleo político do Palácio do Planalto. O ministro demissionário reuniu-se com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem agradeceu a confiança depositada e reiterou que não está envolvido no caso; além de pedir rigor nas investigações.
Os 18 de deputados da bancada pedetista, na Câmara, no entanto, tende a permanecer no governo, em uma articulação da ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann.
‘Xerife’
Setores políticos do governo, no entanto, fazem questão de lembrar que o esquema foi instalado nos governos anteriores de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Frisam ainda que as investigações foram iniciadas na gestão de Lula, incluindo agora a escolha de um novo presidente do INSS com perfil de ‘xerife’.
Segundo a investigação da PF e da CGU, o esquema de fraude no INSS teria começado em 2016, ainda na gestão de Michel Temer (MDB), mas ganhou força a partir de 2019, no mandato do então presidente Jair Bolsonaro (PL), e atingiu a casa dos bilhões a partir de 2023, no terceiro mandato do presidente Lula (PT). O aumento atípico nos últimos anos —com movimentações no Congresso que impediram regras mais duras para esses débitos— chamou a atenção.
Apesar do esforço saneador do governo, há o diagnóstico de que a Lupi coube a pecha de omisso, o que deixou sua permanência insustentável no comando da pasta.
Quadrilhas
Hoffmann, nesta manhã, lembrou que a PF já realizou 10 operações no âmbito da Previdência apenas em 2025, diferente do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que nunca investigou a situação.
— Diferente do governo anterior, que nunca investigou as fraudes nem as quadrilhas que já estavam roubando os aposentados e pensionistas, a Polícia Federal já fez pelo menos 10 grandes operações só este ano no âmbito da Previdência, além da atuação contundente da CGU e da AGU contra os fraudadores de descontos — acrescentou.
A operação, realizada no dia 23 de abril, revelou que instituições descontavam mensalidades diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS sem autorização. Segundo a PF, o esquema desviou cerca de R$ 6,3 bilhões. Diante da repercussão, o presidente Lula exonerou o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.