Os pesquisadores analisaram discursos envolvendo o assunto desde 1951. E constaram que o debate só começou a se aprofundar a partir de 1997, devido às discussões sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), o Estatuto do Desarmamento e o referendo sobre comercialização de armas.
Por Redação – de Brasília
O discurso pró-armas teve 2,4 vezes mais pronunciamentos na Tribuna do Congresso do que o contrário, no período entre 2015 e 2023, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Foram 376 discursos de parlamentares armamentistas (69% do total) ante 157 pronunciamentos (29%) contra a ampliação do acesso da população civil a armas. E apenas 11 neutros (2%).
Os pesquisadores, no entanto, analisaram discursos envolvendo o assunto desde 1951. E constaram que o debate só começou a se aprofundar a partir de 1997, devido às discussões sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), o Estatuto do Desarmamento e o referendo sobre comercialização de armas.
Recuo
A partir de 2015, porém, os discursos com posição pró-armas começaram a predominar. Até 2018 foram 272 discursos sobre o tema, dos quais 198 a favor da ampliação do acesso a armas (73%), 65 contra (24%) e nove neutros (3%). Segundo a coordenadora de Pesquisa do Instituto Fogo Cruzado, Terine Coelho, nessa legislatura ocorreu uma virada e a mobilização pró-armamento se tornou mais evidente.
— Isso é uma novidade na história republicana brasileira. Do outro lado, parece que tem uma passividade dos parlamentares pró-controle. Uma das hipóteses que a pesquisa sugere é que isso se deu porque esse campo pró-controle de armas parece acreditar que o tema está pacificado. Há uma crença de setores da sociedade, baseada no Estatuto do Desarmamento e na ideia de que a maioria dos brasileiros é contra o armamento — afirmou Coelho.
Entre 2019 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), quando houve facilitação do acesso às armas e munições, as discussões sobre o tema recuaram.