Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Lula volta à arena política, pronto para 2022 e com sede de Justiça

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Quarta, 10 de Março de 2021 às 13:53, por: CdB

Embora seus processos tenham sido todos anulados, Lula afirmou nesta tarde que a luta jurídica continua para que seja declarada a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. O julgamento do caso, a cargo da Segunda Turma do STF, voltou a ser interrompido, na véspera, após o ministro Kassio Nunes Marques pedir vistas do processo.

Por Redação - de São Paulo

Passadas 48 horas desde o momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi liberado para ser o opositor do mandatário neofascista Jair Bolsonaro (sem partido), o líder petista concedeu uma entrevista coletiva, nesta quarta-feira, e deixou claro que está de volta à arena política, com vontade redobrada para voltar ao Palácio do Planalto e sede de justiça para reparar os danos causados ao país por “uma quadrilha”, segundo descreveu, que formou a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.

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O ex-presidente Lula, na entrevista coletiva desta tarde, disse que sua dor diante tamanha injustiça sofrida, é menor do que a do povo brasileiro

Embora seus processos tenham sido todos anulados, Lula afirmou nesta tarde que a luta jurídica continua para que seja declarada a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. O julgamento do caso, a cargo da Segunda Turma do STF, voltou a ser interrompido, na véspera, após o ministro Kassio Nunes Marques pedir vistas do processo. Gilmar Mendes e Ricardo Lewandoswi votaram pela suspeição. Por sua vez, Cármem Lúcia deu indícios de que pode rever seu voto proferido na primeira sessão do julgamento, em 2018, desta vez se posicionando contra a conduta de Moro.

Lula chamou o ex-ministro de Jair Bolsonaro de “o maior mentiroso da história do Brasil”, e que ele considerado “um herói, por aqueles que queriam me culpar”.

— Deus de barro não dura muito tempo — cravou Lula.

Dallagnol

Para o ex-presidente, o ex-juiz Sérgio Moro está vivendo o seu inferno astral e “ele deve estar sofrendo muito mais do que eu”.

— (O procurador Deltan) Dallagnol deve estar sofrendo muito mais. Porque eles sabem que cometeram erros. E eu não cometi — declarou, em seu pronunciamento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.

Esta foi a primeira manifestação do ex-presidente desde que o ministro do STF Edson Fachin decidiu pela incompetência 13ª Vara Federal de Curitiba, da qual Moro era titular durante a Operação Lava Jato, para julgar processos envolvendo a Petrobras.

Rede Globo

Lula afirmou que sabia que chegaria o dia em que os processos contra ele seriam anulados. 

— Esse dia chegou — comemora.

Nesse sentido, Lula saudou a decisão do ministro Edson Fachin. O ex-presidente afirmou, que pela primeira vez, “a verdade apareceu no Jornal Nacional”, que na edição de ontem de destaque aos votos de Gilmar e Lewandowski a favor da suspeição de Moro.

— Espero que a verdade versada pela Globo ontem seja o novo padrão de comportamento. A Globo não tem que gostar ou não gostar de presidente. Não tem que gostar ou não gostar de partido. Isso ela decide na hora de votar. Na hora de informar, tem que informar a verdade. Apenas, e somente, a verdade. Ontem fiquei feliz, porque ouvi a verdade proferida na íntegra por dois ministros — declarou.

Hipocrisia

Ao destacou, adiante, a hipocrisia da imprensa, que segue desacreditando a veracidade das mensagens trazidas à tona pela Vaza Jato e, principalmente, pela Operação Spoofing, que revelaram o conluio entre Moro e os procuradores. Desse mecanismo, também participaram jornalistas dos principais veículos de imprensa, como os diários conservadores Folha S.Paulo, O Estado de S. Paulo; além das revistas semanais de ultradireita Veja, Época e Isto É.

O intuito da estratégia baseada em vazamentos seletivos de acusações infundadas, segundo Lula, era impedi-lo de voltar à Presidência.

— Todo mundo se lembra quantas e quantas matérias do principal jornal da televisão aparecia um oleoduto saído dinheiro, para falar das denúncias dos procurados, sem nenhuma prova. Contra o Lula, não precisava provar que o documento tinha seriedade. Era preciso me destruir — lembrou.

Vacina

Além disso, aos 75 anos, Lula afirmou que espera ser vacinado em breve. Disse que além de se vacinar, que fará “propaganda” em favor da imunização da população.

— Semana que vem, se Deus quiser, eu vou tomar a minha vacina. Não importa de que país. Se são duas doses ou uma. Vou tomar a minha vacina, e quero fazer propaganda para o povo brasileiro — anunciou.

O líder de massas também conclamou o povo brasileiro a não dar ouvidos ao que dizem o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.

— Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. É uma das coisas que pode livrar você da covid — recomendou.

Lula também recomendou às pessoas que, mesmo depois de imunizadas, mantenham os cuidados básicos – distanciamento social, procurar ficar em casa, só sair usando máscara o tempo todo e fazendo higiene constante das mãos –, colaborando para evitar a disseminação do novo coronavírus,

‘Gripezinha’

O ex-presidente, em certo momento, emocionou-se ao lembrar do novo recorde de mortos pela pandemia no Brasil, marca atingida nesta terça-feira. E lamentou que as mortes esteja sendo “naturalizadas”.

— Esse vírus nessa noite, matou quase 2 mil pessoas. As mortes estão sendo naturalizadas. A gente ouve de manhã, de tarde e de noite, em todos os jornais. Eram mortes que muitas delas poderiam ser evitadas, se a gente tivesse um governo que tivesse feito o elementar — criticou.

Ainda sobre Bolsonaro, Lula afirmou que seu comportamento não é digno de um chefe de estado do mundo civilizado.

— Temos um presidente que ‘inventou’ uma tal de cloroquina. Que fala que quem tem medo da covid é maricas. Que era uma ‘gripezinha’, coisa de ‘covarde’ — lembrou.

O ex-presidente considera, ainda, que o Brasil precisa de um “comitê de crise”, com uma voz unificada para orientar a sociedade para que o país saia do atual quadro da pandemia o mais rápido possível.

A reação negativa dos investidores à liberação de Lula, por sua vez, arrefeceu nesta quarta-feira, após elevar o dólar e derrubar o Ibovespa, na véspera. Lula, em seu pronunciamento, adotou um figurino de estadista mais sereno e fez a defesa institucional de aspectos que considera positivos de seu governo, o que agradou os grandes fundos de investimento.

Assista, adiante, à entrevista coletiva de Lula, na íntegra:
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