A realidade é que Amorim viaja sem uma agenda definida, mas pronto para estabelecer os contatos necessários à compreensão do quadro político, o qual será transmitido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em informes diversos, conforme apurou o CdB.
Por Redação – de Brasília
Assessor especial para a política externa do Palácio do Planalto e ex-ministro das Relações Exteriores, o diplomata Celso Amorim desembarcou na capital venezuelana, no fim da tarde desta sexta-feira, com a missão de acompanhar as eleições que acontecem neste domingo. A reportagem do Correio do Brasil apurou que, nas próximas horas, Amorim terá uma série de encontros voltados ao diálogo com as forças políticas locais e não descarta reunir-se com os candidatos Nicolás Maduro Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), e com o diplomata Edmundo Gonzalez Urrutia Plataforma Democrática Unitária (PDU), candidato da oposição de direita.
A realidade é que Amorim viaja sem uma agenda definida, mas pronto para estabelecer os contatos necessários à compreensão do quadro político, o qual será transmitido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em informes diversos, conforme apurou o CdB. A presença de Amorim, contudo, ocorre em um momento de tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Maduro.
No início desta semana, Lula disse ter ficado “assustado” com o discurso do candidato socialista, que falou sobre um possível “banho de sangue” produzido pelas forças de ultradireita, abastecidas pelos EUA, e até em uma “guerra civil”, conforme o resultado das urnas.
— Eu não disse mentiras. Só fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila — disse Maduro em um comício na cidade de San Carlos, mas sem citar diretamente o presidente brasileiro.
‘Inauditável’
Em outro momento em que o venezuelano elevou o tom contra o Brasil, disse que o sistema de votos do Brasil é “inauditável”. A Venezuela, por sua vez, teria “o melhor sistema eleitoral do mundo”, com 16 auditorias.
— Onde mais no mundo se faz isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é inauditável. No Brasil? Eles não auditam um único registro — provocou.
Ato seguinte, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro cancelou o envio de observadores para acompanhar a eleição deste domingo.
“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito para acompanhar o pleito do próximo domingo”, justificou o TSE, em nota pública.
Análises
A chegada de Amorim a Caracas também concretiza uma determinação do Itamaraty para evitar “ruídos desnecessários” às vésperas da eleição. Diante as incertezas quanto ao desfecho do processo eleitoral, diplomatas disseram à mídia conservadora que este não é o momento de “engajar em bate-bocas desnecessários”, mas de aguardar a manifestação dos venezuelanos nas urnas com “prudência” e “calma”.
A reação brasileira ao resultado das eleições venezuelanas também tende a ser comedida. Ainda segundo análise de setores do Itamaraty, ao enviar a Caracas um assessor do calibre de Celso Amorim, o presidente Lula sinaliza que o processo político em curso permanece dentro dos parâmetros da normalidade.