Zuleide Oliveira foi a primeira candidata a denunciar, nominalmente, o hoje ministro no esquema de desvio de dinheiro público por meio de candidaturas fraudulentas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
Por Redação - de Brasília
O esquema fraudulento de candidaturas no PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, é mais um detalhe na crise que se alastra no governo de ultradireita, recém-instalado. Filiada à legenda, Zuleide Oliveira configurou uma denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais, nesta quinta-feira. Ela afirmou que foi chamada, pessoalmente, por Marcelo Álvaro Antônio (hoje ministro do Turismo) para ser candidata-laranja nas eleições de 2018. Seu compromisso seria o de devolver ao partido parte do dinheiro público recebido do fundo eleitoral.
Zuleide Oliveira foi a primeira candidata a denunciar, nominalmente, o hoje ministro no esquema de desvio de dinheiro público por meio de candidaturas fraudulentas do PSL. Segundo Oliveira, ela se encontrou com Álvaro Antônio em seu escritório parlamentar, em Belo Horizonte, em 11 de setembro, na companhia do marido e de outra testemunha.
Fraude
A candidata afirma não saber se algum dinheiro foi depositado porque o controle das contas bancárias ficou, segundo ela, com os dirigentes do partido.
— Eu não entendia de nada, eles que fizeram tudo (para registrar a candidatura). Eu não tirei uma certidão minha, eles tiraram por lá. Apenas enviei meu documento e eles fizeram tudo. Acredito, sim, que fui mais uma candidata-laranja, porque assinei toda a documentação que era necessária e não tive conhecimento de nada que eu estava fazendo. Fui usada, a minha candidatura foi usada para fazer parte de uma lavagem de dinheiro do partido — denunciou Zuleide.
Verba
Ainda segundo a candidata, neste encontro, foi levada por Álvaro Antônio a assinar requerimento de solicitação da verba, endereçado ao então presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno. Antônio tenta, agora, que o processo seja levado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
— Ele (ministro) disse pra mim assim: 'Então a gente vai fazer o seguinte: você assina a documentação, que essa documentação é pra vir o fundo partidário pra você. (...) Para o repasse ser feito, você tem que assinar essa documentação. E eu repasso a você R$ 60 mil, e você tem que repassar pra gente R$ 45 mil. Você vai ficar com R$ 15 mil para sua campanha. E o material é tudo por nossa conta, é R$ 80 mil em materiais — concluiu.