Acusado de agredir um militante de extrema-direita, Braga se diz vítima de perseguição política por denunciar o chamado ‘Orçamento secreto’, uma prática espúria manobrada durante o mandato do presidente da Casa à época, Arthur Lira.
Por Redação – de Brasília
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou, na noite passada, uma greve de fome que se estendia ao longo desta quinta-feira. O parlamentar acampou, durante a madrugada, no Plenário 5 do Anexo 2 da Câmara dos Deputados, após o Conselho de Ética aprovar o parecer que pede a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar, por 13 votos contra 5.

Acusado de agredir um militante de extrema-direita, Braga se diz vítima de perseguição política por denunciar o chamado ‘Orçamento secreto’, uma prática espúria manobrada durante o mandato do presidente da Casa à época, Arthur Lira.
Ansiedade
Sem falar com a imprensa para poupar energia, o parlamentar permanece acompanhado por assessores. Ele apenas acenou para os repórteres e disse que “está tudo bem”.
Braga está sem comer desde a noite da terça-feira por não ter conseguido tomar café da manhã antes da sessão do Conselho de Ética em razão da ansiedade causada pela votação.
— Estou há 30 horas e 30 minutos fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo Plenário que votou a minha cassação no dia anterior. Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo ‘Orçamento secreto’. Vou às últimas consequências — afirmou Glauber, nesta manhã.
Perseguição
A assessoria de Glauber Braga explicou que o objetivo da greve de fome é denunciar a perseguição política contra o deputado, além de pressionar por um desfecho do caso. O deputado teme que a Câmara adie definitivamente o processo, que tem mais de um ano.
O deputado responde a uma representação apresentada pelo partido Novo, por ter agredido e expulsado da Câmara um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), que insultou a mãe do parlamentar.
Segundo Braga, a punição é desproporcional, se forem considerados outros casos de quebra de decoro na Câmara. O parlamentar alega que, na verdade, é vítima de perseguição política movida pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) em parceria com o relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA). Segundo Braga, Lira teria “comprado” o parecer contra ele em troca de recursos do ‘Orçamento secreto’ para o relator.
Ofensiva
Ainda nesta tarde, parlamentares aliados ao governo iniciaram uma ofensiva para evitar que o deputado perca o mandato. O objetivo do grupo é converter o pedido de cassação aprovado no Conselho de Ética em uma punição mais branda, como a suspensão temporária do parlamentar.
Com a decisão do Conselho, o processo é encaminhado agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde Braga poderá apresentar um recurso. Caso a medida seja rejeitada, a matéria será levada ao Plenário da Casa, onde a cassação depende de pelo menos 257 votos favoráveis para ser confirmada.