As gangues que dominam a capital haitiana, Porto Príncipe, não encontram obstáculos para cometer crimes e aterrorizar os moradores. O poder público, no país, enfrenta um estado de pré-falência, sem recursos para manter um sistema de segurança operacional.
Por Redação, com ABr - de Porto Príncipe
Com dezenas de conhecidos assassinados ou sequestrados em Porto Príncipe, o brasileiro Werner Garbens, de 37 anos, e há 12 anos no Haiti, relatou como é viver na cidade, controlada quase que completamente por gangues fortemente armadas.
— São dezenas de pessoas que conheço que, ou foram vítimas fatais, ou foram sequestradas. Só de pessoas de um circuito de conhecidos mais próximo, conheço umas dez que foram sequestradas. De amigos mesmo, tenho três que foram sequestrados — revelou à reportagem da agência governamental de notícias Brasil (ABr). O sequestro é umas das principais atividades dos grupos criminosos da região.
Estupros
O haitiano Bruno Saint-Hubert, também de 37 anos, advogado e pequeno agricultor, vive no centro da capital com a mulher e o filho de 3 anos. Ele milita no movimento de pequenos agricultores haitianos Tèt Kole Ti Peyizan Ayisyen que, em português, significa A Cabeça do Pequeno Camponês Haitiano e também fala sobre a vida na capital.
— As gangues aterrorizam a população, roubam algumas coisas, dinheiro, telefone, laptop, e também estupram mulheres e meninas. A população vive com grande medo. As populações não saem. As escolas, as universidades estão fechadas. A vida do capital é muito difícil — relatou Bruno.
O haitiano Bruno Saint-Hubert aprendeu a falar português quando esteve no Brasil, em 2013, para fazer um curso de agroecologia com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Paraná. Bruno já perdeu amigos e familiares para a violência, diz que é preciso estocar comida para não precisar sair de casa e relata que, em muitos pontos da cidade, as gangues andam exibindo suas armas.
— A liberdade de circular em Porto Príncipe está quase perdida. Posso dizer que a cidade interna tem gangues. É uma capital quase paralisada — resumiu.