Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Fux muda de turma e tenta influir no julgamento de Bolsonaro

Ministros do STF afirmam que mudança de turma de Fux não altera a inelegibilidade de Bolsonaro. Entenda os desdobramentos dessa situação.

Terça, 28 de Outubro de 2025 às 20:14, por: CdB

Ministros da Primeira Turma lembraram que, mesmo se Fux alterasse seu colegiado, o julgamento teria de ocorrer na mesma turma que recebeu o recurso inicialmente.

Por Redação – de Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux mudou de turma e agora tenta reabrir o julgamento quanto à inelegibilidade do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Mas a chance de acontecer algo semelhante, segundo integrantes da Corte Suprema, “é zero”.

Fux muda de turma e tenta influir no julgamento de Bolsonaro | Dos cinco ministros da Primeira Turma do STF, o ministro Luiz Fux foi o único a votar pela inocência de Bolsonaro
Dos cinco ministros da Primeira Turma do STF, o ministro Luiz Fux foi o único a votar pela inocência de Bolsonaro

Ministros do STF ouvidos pela colunista Mônica Bergamo, do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo, disseram que mesmo se Fux tentar levar o recurso à Segunda Turma — vista como mais favorável ao ex-presidente —, o caso não seria apreciado por esse colegiado. De acordo com o regimento interno do Tribunal, o processo deve permanecer onde foi originalmente distribuído.

Ministros da Primeira Turma lembraram que, mesmo se Fux alterasse seu colegiado, o julgamento teria de ocorrer na mesma turma que recebeu o recurso inicialmente. Esse entendimento torna a manobra inviável e, na prática, impede qualquer reviravolta processual.

 

Prisão

Esses mesmos magistrados ressaltam que Bolsonaro foi condenado criminalmente por decisão colegiada — o que, segundo a ‘Lei da Ficha Limpa’, o torna inelegível por oito anos. Essa mesma condição, afirmam, inviabiliza qualquer tentativa de afastar o cumprimento da pena de prisão a que foi sentenciado.

A análise interna no Supremo reforça o entendimento de que não há base legal para que o tribunal altere a decisão que retirou Bolsonaro da disputa eleitoral de 2026.

A transferência do ministro Luiz Fux da Primeira para a Segunda Turma do STF encerra também sua participação nos julgamentos relacionados à trama golpista de 8 de janeiro. Ministros e interlocutores ouvidos pela mídia conservadora concordam que Fux não poderá votar em recursos ou ações que ainda não começaram a ser apreciadas pela Primeira Turma, atualmente presidida por Flávio Dino.

 

Colegiado

O Regimento Interno do Supremo não prevê a participação simultânea de um ministro em duas turmas, exceto nos casos de processos paralisados por pedidos de vista — o que não ocorre em nenhum dos casos ligados ao golpe de Estado.

Na semana passada, Fux havia manifestado o desejo de continuar votando em casos já pautados antes de sua saída do colegiado, afirmando que o regimento seria “omisso” sobre a questão. Flávio Dino, ao ser comunicado, disse que consultaria o presidente do Supremo, Edson Fachin.

Com a saída de Fux, os julgamentos dos núcleos da trama golpista — incluindo o núcleo principal, no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado a 27 anos de prisão — continuarão sob responsabilidade dos quatro ministros remanescentes da Primeira Turma, até que um novo integrante seja designado.

 

Subversão

A mesma composição deverá julgar os processos dos núcleos três e dois, marcados para novembro e dezembro, respectivamente, e o núcleo cinco, ainda sem data definida.

A avaliação entre os ministros é que o assunto está encerrado e que Fux, que vinha isolado no colegiado após divergir em votos sobre as condenações dos golpistas, não participará mais das decisões que tratam da tentativa de subversão institucional de 8 de janeiro.

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