Quarta, 08 de Fevereiro de 2023 às 11:12, por: CdB
Quem também reagiu à possível indicação de Salles para a comissão foi o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva. Ele foi exonerado de um cargo de direção da entidade durante o governo Bolsonaro. A razão: combater garimpeiros e madeireiros ilegais na Amazônia.
Por Redação - de Brasília
Em um Congresso ainda mais conservador e alinhado às teses bolsonaristas de exploração dos recursos naturais brasileiros, à exaustão, o nome do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP) tem sido ventilado por seu partido para presidir a Comissão de Meio Ambiente da Câmara. O parlamentar recém-eleito, no entanto, tem dito que não querer assumir qualquer cargo em comissões.
A possível indicação provocou uma série de reações negativas. Salles foi ministro de Bolsonaro. Parlamentares e ambientalistas o consideram um dos principais responsáveis pelo caos ambiental no qual o governo bolsonarista atirou o país. O ministro ficou conhecido por falar em “passar a boiada” de normas que agrediam o meio ambiente durante a gestão anterior.
Mau gosto
Ricardo Salles deixou o governo Bolsonaro investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente favorecer a ação de madeireiros ilegais na Amazônia.
— É, no mínimo, um absurdo a indicação de Ricardo Salles para a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara por parte do PL. É a raposa tomando conta do galinheiro. Não podemos permitir o ex-ministro do ‘passar a boiada’ em uma Comissão tão importante — afirma o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).
Já o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a possível nomeação do ex-ministro é uma “brincadeira de mau gosto”.
— O PL está querendo Ricardo Salles na presidência da Comissão do Meio Ambiente na Câmara, o traficante de madeira ilegal que colaborou com o genocídio Yanomami — acrescentou.
Quem também reagiu à possível indicação de Salles para a comissão foi o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva. Ele foi exonerado de um cargo de direção da entidade durante o governo Bolsonaro. A razão: combater garimpeiros e madeireiros ilegais na Amazônia.
— O pesadelo nunca acaba — afirmou.
Supremo
O cargo, anteriormente, era ocupado pela também bolsonarista Carla Zambelli (PL), acusada por Saraiva de integrar uma “máfia na Amazônia”.
— Sempre digo que a destruição da Amazônia e o extermínio dos povos indígenas começa no Congresso Nacional. Nessas comissões são discutidos projetos de lei fundamentais para a defesa do meio ambiente. Com um presidente não comprometido com a causa ambiental ou indígena, ele pode engavetar projetos que beneficiam esses grupos. por outro lado, pode dar tramitação mais rápida para projetos que liberam agrotóxicos e envenenam nossos rios — sublinhou.
Saraiva disse, ainda, ser “fundamental que este criminoso não assuma a comissão”.
— Falando nisso, é bom lembrar que ele só está nessa posição porque os processos judiciais de que ele é alvo saíram do STF quando ele saiu do Ministério do Meio Ambiente. Uma vez que ele virou deputado, é essencial que esses processos voltem o mais rápido o possível para o Supremo — concluiu.