Promovido pelo Instituto Brasil África, o encontro chega à 12ª edição com o tema ‘Investimento em Infraestrutura para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil e na África’. Vieira ressaltou também que o Brasil tem colocado os países africanos em sua lista de prioridades.
Por Redação, com ABr – de São Paulo
Ministro das Relações Exteriores, o chanceler Mauro Vieira afirmou, nesta segunda-feira, durante a abertura do Fórum Brasil África 2024, na capital paulista, que “o século XXI será da África”. O diplomata pontuou, ainda, que um acordo multilateral entre bancos de desenvolvimento deverá ser selado em breve.
Promovido pelo Instituto Brasil África, o encontro chega à 12ª edição com o tema ‘Investimento em Infraestrutura para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil e na África’. Vieira ressaltou também que o Brasil, atualmente no comando do G20, tem colocado os países africanos em sua lista de prioridades.
O entendimento da diplomacia brasileira é de que a relação histórica entre o país e o continente favorece a aproximação no campo de investimentos. O que é exigido, segundo ele, das empresas brasileiras, é a capacidade de saber como se inserir nas novas cadeias de produção.
— Embora a presença econômica do Brasil na África ainda esteja aquém do seu potencial, temos com os países do continente um triunfo imaterial, algo imprescindível para qualquer parceria de longo prazo: a confiança mútua, fruto das antigas relações entre nossos povos. O Brasil possui a maior população de afrodescendentes do mundo, fora da África — acrescentou.
Sotaques
Mauro Vieira destacou, em seu discurso, que as questões africanas estão diretamente relacionadas com a identidade brasileira.
— Para nós, as questões africanas não são vistas de longe ou de fora, mas dentro, pois são parte constitutiva de quem somos. Sangue africano corre em nossas veias, sotaques africanos temperam nosso idioma e a cultura enriquece nosso imaginário. Estamos do outro lado do oceano, mas nossos sonhos e aspirações de nossos povos estão em sintonia — sublinhou.
O ministro apresentou um panorama do que fortalece o continente. Segundo afirmou, a África concentra 60% das terras aráveis do mundo e tem significativo potencial quanto às tecnologias verdes. Um dos exemplos dados foi o da entrada do Egito e da Etiópia no BRICS, acrônimo que remete aos primeiros membros do grupo econômico, que são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Cúpula
O titular do Itamaraty lembrou que em 2023 a União Africana passou a integrar o G20. O bloco, que reúne 55 países, é o segundo a se tornar membro permanente da cúpula econômica, sucedendo a União Europeia.
— Juntamente com a União Africana, temos alertado sobre o problema do endividamento. Como bem disse o presidente Lula, o que vemos é uma absurda exportação líquida de recursos dos países mais pobres para os países ricos. É o plano Marshall às avessas. Não há como investir em saúde, educação ou adaptação às mudanças do climas se parte expressiva do orçamento é consumida pelo serviço da dívida externa — ressaltou.
Ainda em relação à desigualdade social e à concentração de renda, o ministro destacou que diversos países da África se manifestaram a favor da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, sugerida pelo Brasil.