"As consequências da globalização financeira e da desregulamentação do capitalismo foram o desmonte dos estados de bem-estar social e o ressurgimento da extrema direita, que hoje governa a Itália, a Holanda e a Suécia", escreve José Dirceu.
Por Redação - de Brasília
Ex-ministro-chefe da Casa Civil, o advogado e militante petista José Dirceu afirmou, nesta segunda-feira, ser impossível falar em desafios da esquerda e do Brasil sem levar em consideração que vivemos um momento de hegemonia internacional da extrema direita e do conservadorismo.
"As consequências da globalização financeira e da desregulamentação do capitalismo foram o desmonte dos estados de bem-estar social e o ressurgimento da extrema direita, que hoje governa a Itália, a Holanda e a Suécia; é uma alternativa real na França; consolida-se na Polônia e na Hungria; pode retomar o governo dos EUA; é ameaça na Alemanha; e, derrotada no Brasil, acaba de vencer na Argentina”, escreve o ex-ministro no diário conservador Folha de S. Paulo.
"No Brasil, os anos Temer e Bolsonaro foram de desmonte do Estado e das políticas sociais e de renda próprias da Constituição de 1988, dos governos do PT e do ciclo desenvolvimentista — o que é per si uma contradição com os países desenvolvidos, onde a presença do Estado e de políticas industriais e sociais é cada vez maior”, acrescentou.
Estruturas
Dirceu observa, ainda, que “após vencer quatro eleições e só perder a quinta pela prisão ilegal de Lula, o PT e a esquerda voltaram ao governo, mas em condições de minoria na Câmara e no Senado. Esse retorno se deu com um desafio: como governar e retomar o fio da história do desenvolvimento sem unidade nacional ou sem uma aliança entre a esquerda e setores empresariais?"
Dirceu resume: "A esquerda, sozinha, não tem maioria para fazer reformas estruturais”.