Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Desorganizada diante derrotas em série, direita se fragmenta

Ciro Nogueira alerta sobre a desorganização da direita brasileira e a fragmentação que pode beneficiar Lula nas eleições de 2026. Tarcísio de Freitas opta por reeleição ao governo de SP.

Sexta, 26 de Setembro de 2025 às 20:40, por: CdB

Nogueira faz a inflexão no momento em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desembarca da intenção de disputar a Presidência em 2026, ao perceber o nível de desorganização dos partidos da direita.

Por Redação – de Brasília

Um dos seguidores mais proeminentes do bolsonarismo, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) reconheceu a desarticulação da direita brasileira após o julgamento do ex-mandatário neofascista que lidera os setores mais extremos do conservadorismo. Em nota em uma rede social, nesta sexta-feira, Nogueira afirmou que “já está passando de todos os limites a falta de bom senso na Direita, digo aqui a centro direita, a própria direita e seu extremo”.

Desorganizada diante derrotas em série, direita se fragmenta | O senador Ciro Nogueira (PP-PI) aponta o rápido desgaste do bolsonarismo
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) aponta o rápido desgaste do bolsonarismo

“Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez”, escreveu.

Segundo o parlamentar, a fragmentação beneficia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Por mais que tenhamos divergências, não podemos ser cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSOL”, acrescentou.

 

Sem líder

Nogueira faz a inflexão no momento em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desembarca da intenção de disputar a Presidência em 2026, ao perceber o nível de desorganização dos partidos da direita. Em conversas vazadas para a mídia conservadora, Tarcísio teria dito que prefere ser candidato à reeleição do que participar da corrida presidencial.

A principal razão do ato, de acordo com interlocutores, seria a falta de unidade entre as forças conservadoras. Na opinião do governador, a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) agravou as divisões internas ao estimular articulações que levaram os Estados Unidos a aplicar sanções ao Brasil, medida fortalece o presidente Lula.

O governador também teria considerado um risco sem precedentes depender do apoio da família Bolsonaro; além do custo político que representaria a renunciar ao cargo até abril de 2026, para concorrer ao Planalto.

 

Reeleição

Freitas, doravante, pretende direcionar seus esforços na tentativa de uma reeleição ao governo paulista. A tensão entre o governador e o filho ’03’ do ex-presidente Bolsonaro atingiu o ponto mais alto no episódio das tarifas impostas por Washington ao Brasil, em julho. Em reunião virtual com o deputado e o influenciador digital Paulo Figueiredo, o governador alertou que a medida traria consequências negativas ao campo conservador, fortaleceria Lula e levaria o presidente Donald Trump a repensar sua posição, o que ocorreu ao convidar o líder brasileiro para uma conversa.

Mesmo diante de todas as evidências em contrário, o deputado manteve o discurso de que será candidato à Presidência em 2026, ainda que possa ser condenado no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), que poderá torná-lo inelegível.

Reconhecido como uma ‘raposa felpuda’, no jargão político, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, apressou-se a adiantar, nesta manhã, que a legenda já definiu os rumos para as eleições presidenciais de 2026. A prioridade ainda seria o governador Tarcísio de Freitas, mas caso se confirme a opção por se ausentar da corrida ao Planalto, os nomes do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), estão sob escrutínio. 

 

Cenário

Kassab, no entanto, deixou antever que o partido está pronto para qualquer cenário e com portas abertas a alianças.

— O PSD tem o seu rumo. Ou é com o governador Tarcísio, o governador Ratinho Júnior ou o Eduardo Leite. Isso é algo que está pacificado dentro do partido — resumiu Kassab.

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