Moro responde a um processo movido pelo PL por suposta prática de Caixa 2, durante a campanha. A ação contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O PL compara o caso ao da ex-senadora Selma Arruda, que teve o mandato cassado, em 2020, por gastos sem a devida contabilização.
Por Redação - de Brasília
Tanto os adversários políticos do senador Sergio Moro (União-PR) quanto ele próprio passaram a ver aumentada a possibilidade da perda de mandato do ex-juiz parcial e incompetente. Depois que seu parceiro nos negócios realizados durante a Operação Lava Jato, o agora ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) perdeu o mandato de deputado, analistas acreditam que ele pode perder o mandato até o final deste ano.
Moro responde a um processo movido pelo PL por suposta prática de Caixa 2, durante a campanha. A ação contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O PL compara o caso ao da ex-senadora Selma Arruda, que teve o mandato cassado, em 2020, por gastos sem a devida contabilização, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ex-juíza, ela ganhou o apelido “Moro de saias” pelo histórico de decisões em casos de corrupção em Mato Grosso.
— Deltan (Dallagnol) pode trabalhar no gabinete do Moro. Terá uns seis meses de emprego até a cassação do colega — repercutiu o presidente da Câmara à época do golpe de Estado levado a cabo em 2016, ex-deputado Eduardo Cunha.
Tensão
Mesmo o senador Sergio Moro, logo após receber a notícia sobre o amigo cassado, comentou com interlocutores que será o novo alvo da Justiça Eleitoral. Ambos atuaram na década passada enquanto Moro era juiz e Dallagnol, procurador, em um conluio condenado pela Corte Suprema. A tensão de Moro, no entanto, é plenamente justificável, uma vez que, em tribunais superiores, sua condenação é considerada líquida e certa.
Segundo os interlocutores que conversaram com o atual senador, Moro estava extremamente preocupado com o processo que cassou Deltan Dallagnol. Ele tentou conseguir apoio inclusive da família Bolsonaro para tentar evitar o pior, ou seja, a perda de mandato do colega, sem sucesso. Até os filhos do presidente se distanciaram do processo, o quanto puderam.
Até o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal (STF), votou contra Dallagnol, no TSE, o que foi entendido como sinal de que a família de fato não se envolveu no assunto. Moro tem afirmado, em conversar já nem tão reservadas mais, que uma vez cassado Dallagnol, “eles vêm para cima de mim”.
Repercussão
O bem-humorado ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em uma mensagem deixada nas redes sociais, comentou a decisão do TSE de cassar o mandato do deputado. Na véspera, a Corte Eleitoral entendeu que Deltan, ciente de que os 15 procedimentos administrativos dos quais era alvo no Conselho Nacional do Ministério Público poderiam render processo administrativo disciplinar (PAD) e torná-lo inelegível, antecipou sua exoneração do cargo de procurador da República e, assim, fraudou a lei.
Dino citou o trecho bíblico Mateus 5:6, que reflete a situação de Dallagnol. O ex-procurador, segundo Dino, usou a Lava Jato como um trampolim para a política nacional, comprovando o caráter corrompido da operação que supostamente visava combater a corrupção.
"'Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!'", resumiu Dino.