Quinta, 03 de Fevereiro de 2022 às 13:42, por: CdB
“A justificativa formal foram as denominadas ‘pedaladas fiscais’ – violação de normas orçamentárias –, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política”, afirmou Barroso, em texto para a primeira edição da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), entidade criada há duas décadas.
Por Redação - de Brasília
Artigo escrito pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), reacendeu o debate sobre o impeachment da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), em 2016.
“A justificativa formal foram as denominadas ‘pedaladas fiscais’ – violação de normas orçamentárias –, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política”, afirmou Barroso, em texto para a primeira edição da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), entidade criada há duas décadas e que se apresenta como “o think tank de referência em relações internacionais do Brasil”.
Seu presidente é José Pio Borges, ex-presidente do BNDES, que chegou a ser acusado de irregularidades na privatização da Telebras, durante o governo FHC. Com o artigo, a hashtag #foigolpe, referindo-se a 2016, foi para o topo do Twitter, e o assunto tornou-se um dos mais comentados nas redes sociais.
Uma prévia do texto de Barroso foi publicada pela colunista Mônica Bergamo, do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo. A revista será lançada na semana que vem. Além de admitir a falta de fundamento legal para o impeachment, Barroso comenta o que aconteceu.
Ações penais
“O vice-presidente Michel Temer assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente”, descreveu.
Em junho de 2020, em transmissão do grupo Prerrogativas, Barroso já havia dado declaração similar, apontado que Dilma não teria cometido crime de responsabilidade.
“O hiper-presidencialismo latino-americano é uma usina de crises e, portanto, o impeachment passa a ser esse produto de prateleira que se usa na Bolívia, no Paraguai, no Brasil, como aconteceu com a presidente Dilma. Evidentemente, ela não caiu por corrupção, até porque, considerando o que veio depois… Ela caiu por falta de sustentação política, não havia um mecanismo institucional do presidencialismo para mudança da condução política quando você tem perda de sustentação”, conclui Barroso.