O chefe da equipe econômica sinalizou em diversos momentos nos últimos dias que as medidas seriam anunciadas nesta semana, a despeito dos relatos de que o presidente ainda não havia tomado uma decisão definitiva sobre as ações.
Por Redação – de Brasília
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiou o anúncio do pacote de corte de gastos para equilibrar as contas públicas para esta semana, sem fixar um dia certo. Os vários adiamentos já ocorridos frustram as expectativas dos investidores, alimentadas pelo próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O chefe da equipe econômica sinalizou em diversos momentos nos últimos dias que as medidas seriam anunciadas nesta semana, a despeito dos relatos de que o presidente ainda não havia tomado uma decisão definitiva sobre as ações.
A mais recente tentativa de fechar essa lista ocorreu na sexta-feira, por mais de três horas, quando Lula reuniu no Palácio do Planalto, pela terceira vez nesta semana, os ministros que integram a Junta de Execução Orçamentária (JEO) — Haddad, Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviço Público) —; além dos titulares das pastas que devem ser atingidas pelos cortes de gastos.
Embates
Os encontros sucedem uma série de reuniões entre a Casa Civil e os ministérios setoriais, sem a presença de Lula. Nos bastidores, ministros da área social do governo travam um embate duro para tentar manter inalterados os benefícios e as políticas administradas por suas pastas. Desde a semana passada, o próprio Haddad criou a expectativa de anúncio do pacote ao longo dos dias seguintes, após cancelar uma viagem à Europa, a pedido de Lula, para “se dedicar a temas domésticos”.
O ministro afirmou, na manhã de segunda-feira passada, que as coisas estavam “adiantadas do ponto de vista técnico” e que acreditava que o governo Lula estava na reta final para o anúncio. A sua fala repercutiu no mercado positivamente, com queda da cotação do dólar.
— Em relação à Fazenda, tem várias definições que estão muito adiantadas. O presidente passou o fim de semana, inclusive, trabalhando no assunto, pediu que técnicos viessem a Brasília para apresentar detalhes para ele. Acredito que estejamos prontos esta semana para anunciar (o pacote) — disse, há uma semana.
Vertente
Apesar da demora na tomada de decisões, um auxiliar de Haddad disse à mídia conservadora, nesta segunda-feira, que a equipe econômica está confiante de que apresentará um pacote consistente com a necessidade de afastar as incertezas fiscais, nos próximos dias.
Outra vertente das medidas deve ser o combate a fraudes. O governo vai ampliar o público-alvo da revisão do Cadastro Único, antes restrita a quem está com o cadastro desatualizado há mais de 48 meses. Esse horizonte, porém, será reduzido para 24 meses.
— Este prazo de 48 meses foi dado em razão da pandemia de covid-19. Agora, a renovação será a cada 24 meses para Bolsa Família e também BPC — resumiu o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.