As audiências devem ser marcadas pelas tentativas da oposição em responsabilizar o governo Lula pelas invasões, de um lado. Por outro, a base governista trabalhará para comprovar a participação de bolsonaristas nos atos. Inicialmente, os deputados e senadores têm 120 dias para finalizar a CPMI.
Por Redação - de Brasília
Em sessão na Câmara, nesta quinta-feira, o Congresso instalou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro (8/1) que objetiva investigar a tentativa fracassada de um golpe de Estado. Uma vez instalada a Comissão, os parlamentares elegeram o deputado Arthur Maia (União-BA) para a Presidência e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) para a relatoria, com Cid Gomes (PDT-CE) e Magno Malta (PL-ES) na primeira e segunda Vice-presidência do colegiado.
A estratégia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou, nos últimos minutos antes do anúncio para os cargos de direção da CPMI. Inicialmente, trabalhou contra a instalação da comissão, mas recuou diante da divulgação das imagens do agora ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Gonçalves Dias, dentro do Palácio do Planalto durante a invasão dos bolsonaristas. A partir disso, a base governista trabalhou para conseguir assentos na comissão.
As audiências devem ser marcadas pelas tentativas da oposição em responsabilizar o governo Lula pelas invasões, de um lado. Por outro, a base governista trabalhará para comprovar a participação de bolsonaristas nos atos. Inicialmente, os deputados e senadores têm 120 dias para finalizar a CPMI, mas o prazo pode ser prorrogado por mais 60 dias. A CPMI é composta por 16 senadores e 16 deputados e seus respectivos suplentes.
Acerto
Durante a sessão em que eram instalados os trabalhos da CPMI, o senador Esperidião Amin (PP-SC) protestou contra a criação do cargo de segundo vice-presidente, especialmente desenhado para receber o senador Magno Malta (PL-ES). O acerto incluiu ainda o senador Cid Gomes (PDT-CE) como vice-presidente da CPI.
Magno ameaçou lançar uma chapa com nomes apenas da oposição se não houvesse acordo. Ele voltou atrás com a decisão do senador Otto Alencar (PSD-BA) — que conduzia os trabalhos por ser o mais velho — de levar a dúvida sobre o cargo de segundo vice-presidente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A escolha do nome de Eliziane Gama para a relatoria também foi motivo de embates logo após o anúncio. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que a senadora maranhense é muito próxima ao ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB).
‘Foi golpe’
O senador Omar Aziz (PSD-AM), então, interveio a favor da colega, sob os protestos de Do Val. Otto Alencar pediu, então, para que o parlamentar bolsonarista se mantivesse em silêncio e afirmou que aquele plenário não era uma delegacia de polícia. Em seu primeiro discurso após a eleição, Eliziane afirmou que houve uma tentativa frustrada de golpe em 8 de Janeiro.
— Houve uma tentativa de golpe, mas não conseguiram golpe. Um fato é claro: todos aqui somos contra aquilo que aconteceu, independentemente de ser base ou oposição. Queremos garantir, no Brasil, a democracia cada vez mais forte e firme — resumiu.
Conheça os 32 titulares da CPMI do 8/1:
Senadores
Ana Paula Lobato (PSB-MA)
Cid Gomes (PDT-CE)
Damares Alves (Republicanos-DF)
Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)
Eduardo Girão (Novo-CE)
Eliziane Gama (PSD-MA)
Esperidião Amin (PP-SC)
Fabiano Contarato (PT-ES)
Magno Malta (PL-ES)
Marcelo Castro (MDB-PI)
Marcos do Val (Podemos-ES)
Omar Aziz (PSD-AM)
Otto Alencar (PSD-BA)
Rogério Carvalho (PT-SE)
Soraya Thronicke (União Brasil-MS)
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
Deputados
Aluisio Mendes (Republicanos-MA)
Amanda Gentil (PP-MA)
André Fernandes (PL-CE)
Arthur Maia (União Brasil-BA)
Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Alexandre Ramagem (PL-RJ)
Duarte (PSB-MA)
Duda Salabert (PDT-MG)
Erika Hilton (PSOL-SP)
Filipe Barros (PL-PR)
Jandira Feghali (P C do B-RJ)
Paulo Magalhães (PSD-BA)
Rafael Brito (MDB-AL)
Rodrigo Gambale (Podemos-SP)
Rogério Correia (PT-MG)
Rubens Pereira Júnior (PT-MA)