Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

CPMI do 8/1 chega ao sargento que movimenta milhões de reais

Arquivado em:
Terça, 15 de Agosto de 2023 às 17:26, por: CdB

O Coaf identificou que o militar, entre o soldo de R$ 6.538 e as gratificações, chega a uma renda mensal de R$ 13,3 mil. Ele recebeu, no entanto, dezenas de depósitos e repassou a maior parte dos recursos para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.


Por Redação - de Brasília

sargento-reis.jpg
Ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o sargento reis encontra-se preso em uma unidade militar


O sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, um dos auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), movimentou cerca de R$ 3,34 milhões entre 1º fevereiro do ano passado e 8 de maio deste ano. As transações chamaram a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou movimentação “atípica” e “incompatível” nas contas do sargento, que figura entre os mais ricos entre os militares de sua patente, no Exército Brasileiro.

O Coaf identificou que o militar, entre o soldo de R$ 6.538 e as gratificações, chega a uma renda mensal de R$ 13,3 mil. Ele recebeu, no entanto, dezenas de depósitos e repassou a maior parte dos recursos para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ambos, Reis e Cid, estão presos desde maio por envolvimento no esquema de falsificação de cartões de vacinação.

“Entre fevereiro do ano passado e 20 de janeiro deste ano, o sargento Reis recebeu R$ 1,5 milhão em uma conta no Banco do Brasil. Parte desse dinheiro foi obtida em 105 transferências via PIX. No mesmo período, saíram de sua conta R$ 1,46 milhão, a maior parte em transferência bancárias. Ele repassou R$ 336,2 mil em PIX. O relatório do Coaf cita, sem dar detalhes, que o militar teve devolvidos 11 DOCs ou TEDs (transferências bancárias), no valor total de R$ 550 mil”, apurou o diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo, em reportagem publicada nesta terça-feira.

Até o fim de julho, o Coaf já havia identificado que Cid movimentou R$ 3,2 milhões, entre junho do ano passado e janeiro de 2023. Cerca de R$ 1,8 milhão diz respeito a créditos, e R$ 1,4 milhão são referentes a débitos. Juntos, os militares movimentaram mais de R$ 7 milhões em “transações atípicas”.

Na CPMI


A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro aprovou no início do mês a convocação de Marcos dos Reis. Isso porque, na investigação sobre os cartões de vacinação falsificados, a Polícia Federal (PF) identificou a participação do auxiliar de Bolsonaro nas manifestações que culminaram com a depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.

De acordo com a investigação, Marcos dos Reis foi para a Esplanada dos Ministérios com a mulher e um de seus filhos e enviou vídeos do local para pelo menos três pessoas diferentes.

“Entraram no Planalto, no Congresso, Câmera dos Deputado e entrou no STF. E quebrou, arrancou as togas lá daqueles ladrões. Arrancou tudo! Foi, foi… O bicho pegou hoje aqui! Spray também de pimenta, gás lacrimogêneo”, relatou o militar em mensagem enviada a um amigo.

Além disso, a minuta para decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e “estudos” para dar suporte a um eventual golpe militar foram encontrados pela PF em uma conversa entre Cid e o sargento Marcos dos Reis, gravada com autorização judicial. Seu depoimento de na CPMI ainda não tem data marcada mas, diante da divulgação das movimentações financeiras atípicas, a CPMI estava propensa a definir, o quanto antes, o dia da oitiva do militar, que prestará depoimento na condição de testemunha e não poderá mentir nas respostas aos parlamentares.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo