O ato conjunto foi anunciado pelos presidentes das duas casas, Rodrigo Maia (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado). Por meio de nota, ambos informaram que a bandeira nacional localizada em frente ao Congresso ficará hasteada a meio-mastro a partir das 14h.
Por Redação - de Brasília
Em resposta ao “churrasco da morte”, conforme ficou conhecido o evento divulgado pelas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, em seguida, cancelado; quando o país atinge a marca dos 10 mil mortos pela covid-19, o Congresso decretou, neste sábado, luto oficial de três dias, em respeito às vítimas da pandemia. O decreto de pesar está publicado em edição extraordinária do Diário Oficial do Congresso Nacional e a bandeira nacional foi hasteada a meio mastro.
O ato conjunto foi anunciado pelos presidentes das duas casas, Rodrigo Maia (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado). Por meio de nota, ambos informaram que a bandeira nacional localizada em frente ao Congresso ficaria hasteada a meio-mastro, desde às 14h.
Convite
Também em nota, o Senado informa que, conforme prevê o ato conjunto, ficam proibidas quaisquer celebrações, comemorações ou festividades enquanto durar o luto. “É uma tragédia que nos devasta mais a cada dia. Este Parlamento, que representa o povo e o equilíbrio federativo desta nação, não está indiferente a este momento de perda, de tristeza e de pesar. A situação que estamos vivendo é lamentavelmente singular”, diz a declaração conjunta de Maia e Alcolumbre, sem citar as atitudes do mandatário neofascista.
No documento, os dois presidentes do Legislativo pedem a todos que mantenham as recomendações das autoridades de saúde, visando a diminuição do ritmo de contágio da doença. O Brasil é o sexto país com maior número de mortes causadas pelo covid-19. O país, por enquanto, fica atrás apenas da França (26,18 mil), Espanha (26,25 mil), Itália (30,2 mil), Reino Unido (31,24 mil) e Estados Unidos (69,88 mil).
A marca dos 10 mil mortos, no entanto, não impediu que o Bolsonaro convidasse seus ministros para um churrasco, neste sábado, segundo confirmou a reportagem do Correio do Brasil junto a interlocutores que receberam o convite. Nas redes sociais do presidente, neste sábado, porém, o mandatário se desmentiu ao alegar que o churrasco anunciado por ele mesmo, em frente ao palácio da Alvorada, na última quinta-feira, não passa de uma “fake news” e os jornalistas que divulgaram o fato seriam “idiotas”.
Escárnio
“Alguns jornalistas idiotas criticaram o churrasco fake, mas o MBL se superou, entrou com ação na Justiça”, publicou, no Twitter.
No Facebook, ele disse que a imprensa divulgou falsamente a notícia sobre a festa. Na mesma publicação, Bolsonaro anexou um vídeo em que convida apoiadores e jornalistas para o evento na residência oficial. Desde quinta-feira, o presidente vinha divulgado sua intenção de fazer um churrasco no Alvorada, para 30 convidados.
Na véspera, já em tom de escárnio, ele ampliou o número e comunicou que todos que estivessem “vivos” em frente ao palácio, incluindo os jornalistas, seriam “colocados para dentro”. Apoiadores do governo chegaram cedo à portaria neste sábado, na expectativa de participar da comilança.
Idiotice
Mas, a comemoração foi rechaçada entre os internautas por incentivar a aglomeração de pessoas e o descumprimento do isolamento social, medidas preventivas para evitar o novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na manhã deste sábado, a hashtag #CHURRASCODAMORTE, crítica ao evento prometido pelo presidente, ocupou durante boa parte do tempo o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados da rede social.
“Que vergonha nosso país ter um presidente que vai fazer um #CHURRASCODAMORTE! Comemorar o que? 10 mil mortos por Coronavírus?”, publicou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “Esse discurso anti-sistema mequetrefe de Bolsonaro está CUSTANDO VIDAS DE MILHARES DE BRASILEIROS! Peitar normas de Saúde é uma idiotice sem tamanho!”, concluiu.