Na ficha corrida de Nogueira, o nome do senador está em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), sendo um deles sobre a participação do parlamentar no suposto esquema de pagamentos de propina pela construtora Odebrecht, entre os anos de 2014 e 2015.
Por Redação, com RBA - de Brasília
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou nesta terça-feira, pelas redes sociais, que aceitou o convite para ser ministro da Casa Civil. A informação foi confirmada por ele após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil, feito pelo presidente Jair Bolsonaro. Peço a proteção de Deus para cumprir esse desafio da melhor forma que eu puder, com empenho e dedicação em busca do equilíbrio e dos avanços de que nosso país necessita”, publicou Ciro Nogueira em sua conta no Twitter.
‘Centrão’
A ida de Nogueira para a Casa Civil faz parte da estratégia de Bolsonaro de tentar o fortalecimento político e o avanço do processo de impedimento, na Câmara dos Deputados. A pasta é uma das mais importantes da Esplanada, responsável por auxiliar na articulação política junto ao Congresso e atuar na coordenação de ações do governo com outros ministérios.
A troca na Casa Civil provocará um rearranjo em outros ministérios. O atual chefe da pasta, general Luiz Eduardo Ramos, vai para a secretaria-geral da Presidência, comandada por Onyx Lorenzoni. Este, por sua vez, será transferido ao recriado Ministério do Trabalho – que se chamará Ministro do Emprego e Previdência.
Ficha corrida
Ciro Nogueira ocupa uma cadeira no Congresso há 26 anos. Ao todo, foram quatro mandatos como deputado federal, além de dois como senador. O atual segue até 2026. Seu legado como parlamentar, até então, é de apenas dois projetos aprovados.
Ciro Nogueira é presidente nacional do Progressistas (PP), partido que agora terá mais força política no Executivo. A sigla também tem a liderança do governo na Câmara, com Ricardo Barros (PP-PR), e a Presidência da Casa Legislativa, com Arthur Lira (PP-AL). A ideia de Bolsonaro é se fortalecer na CPI da Covid, na qual Nogueira faz parte, que investiga seus crimes e omissões durante a pandemia.
O nome do senador também está em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), sendo um deles sobre a participação do parlamentar no suposto esquema de pagamentos de propina pela construtora Odebrecht, entre os anos de 2014 e 2015.
Fisiologismo
Hoje na bancada governista, Ciro Nogueira já criticou Bolsonaro nas eleições de 2018. Na ocasião, disse que não apoiaria o então candidato do PSL.
— Bolsonaro eu tenho muita restrição porque é um fascista. O presidente é a pessoa que vai cuidar de gerar emprego e renda, vai cuidar da saúde, infraestrutura, saúde. Conheço Bolsonaro e ele não tem essa capacidade de fazer isso — afirmou, na época.
Bolsonaro se elegeu sob o discurso de não se aliar ao ‘Centrão’ e grupos fisiológicos do Congresso, mas acabou se contradizendo. O deputado federal Fabio Trad (MS-PSD) classificou a nomeação como a terceira fase do governo Bolsonaro.
Coadjuvante
“A primeira foi marcada pelos hóspedes do hospício; a segunda pelos militares e agora pelo ‘Centrão’. Tomou posse como ator principal, transformou-se em coadjuvante e agora se reduz ao papel de figurante.”
O sociólogo Orlando Calheiros definiu a mudança de rota de Bolsonaro como sinal de fraqueza de seu governo.
“Digo e repito, presidências sobrevivem pela sua força ou fraqueza: Bolsonaro é talvez o maior exemplo da segunda opção. Seu governo, esvaziado, desesperado, se tornou apenas um hospedeiro do ‘Centrão’ (que ele jurava combater)”, resumiu, em uma rede social.