Na realidade, o que está em jogo é o futuro do PDT. Com planos de fusão já para 2025, a sigla busca fortalecer sua posição e superar a cláusula de barreira em 2026, que pode determinar sua continuidade como partido com direito a fundo eleitoral e tempo de propaganda no rádio e na TV.
Por Redação – de Fortaleza
Candidato derrotado à Presidência da República, nas últimas eleições, o ex-governador cearense Ciro Gomes está prestes a ser expulso do PDT, legenda que o abrigou na última campanha, por alta traição. Gomes teve sua liderança questionada após apoiar, publicamente, um candidato de ultradireita.
De acordo com informações do jornalista Pedro Venceslau, do canal norte-americano de TV CNN Brasil, ouviu de uma fonte credenciada do partido que uma ala significativa da legenda já se pronunciou pela expulsão de Gomes, em meio à reorganização partidária e discussões sobre federações e fusões para as eleições de 2026. A reportagem do Correio do Brasil confirmou a informação e ouviu, de uma fonte, que “a maioria dos pedetistas históricos quer a expulsão desse sujeito”.
‘Cirominions’
O ex-presidenciável, no entanto, conta com um grupo de apoiadores, apelidado de ‘cirominions’, que tentam garantir sua influência e a migração da legenda fundada pelo ex-governador socialista Leonel de Moura Brizola para a extrema direita, algo impensável por parte dos líderes partidários mais antigos.
Na realidade, o que está em jogo é o futuro do PDT. Com planos de fusão já para 2025, a sigla busca fortalecer sua posição e superar a cláusula de barreira em 2026, que pode determinar sua continuidade como partido com direito a fundo eleitoral e tempo de propaganda no rádio e na TV. Entre as possibilidades estudadas estão fusões com o PSB, que já sinalizou interesse nas negociações, e com o PSDB, legenda de direita que também se mostrou aberto a uma união.
Um dos pontos de maior tensão envolve a posição de Ciro Gomes em relação a seu irmão, Cid Gomes. Cid, atualmente no PSB, está alinhado ao PT, no Ceará, e apoia o projeto do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto Ciro se firmou como antipetista ressentido.
Divisão
A divisão familiar reflete diretamente no posicionamento político do PDT, que hoje integra a base de apoio ao governo federal. Ciro, por sua vez, vem criticando abertamente essas alianças e até propôs uma aliança com o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL).
Outro fator de desgaste é a campanha de Ciro contra Evandro Leitão, candidato do PT à prefeitura de Fortaleza, que tem o apoio de Cid Gomes. Ciro se opôs publicamente a Leitão, o que desagradou setores do PDT, especialmente porque o adversário na disputa é o bolsonarista André Fernandes, do PL. Para muitos dentro da legenda, o apoio de Ciro a qualquer candidato que favoreça a direita e Bolsonaro é inaceitável.
As discussões sobre a possível expulsão de Ciro Gomes devem ganhar força após as eleições municipais, para evitar um impacto negativo durante a reta final das campanhas eleitorais de 2024.