Rio de Janeiro, 20 de Março de 2025

Cid entrega vídeo que coloca Bolsonaro no comando do golpe

Trechos da gravação do encontro foram apreendidos pela Polícia Federal (PF), em um computador do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

Sexta, 09 de Fevereiro de 2024 às 19:53, por: CdB

Trechos da gravação do encontro foram apreendidos pela Polícia Federal (PF), em um computador do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.


Por Redação - de Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu seus ministros, em 5 de julho de 2022, para pedir uma “reação” contra uma alegada fraude no sistema eleitoral. Segundo o ex-mandatário neofascista, caso contrário haveria“uma grande guerrilha”.

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O ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid entregou tudo à Justiça, na delação premiada em curso


— Se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? — questionou, durante a reunião ministerial.

Trechos da gravação do encontro foram apreendidos pela Polícia Federal (PF), em um computador do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

 

Operação


Ao lado de Bolsonaro, estavam reunidos Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); general Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional); Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa); Mário Fernandes (ex-chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República) e Walter Braga Netto (ex-Casa Civil). Todos eles estão na mira da ‘Operação Tempus Veritatis’, deflagrada na véspera, sob a suspeita de tentar um golpe de Estado, no país.

Bolsonaro chegou a pressionar seus ministros com demissão imediata, caso não integrassem os planos golpistas e agissem de imediato.

— Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder — afirmou Bolsonaro, referindo-se aos integrantes do governo que estavam ausentes, naquele momento.

 

Eleições


Para o ex-inquilino do Planalto, a retórica sobre as ameaças “à liberdade”, conforme se referiu a argumentos sobre o voto impresso, já havia se diluído e ele julgava necessário uma decisão mais drástica.

— Eu parei de falar em voto imp... e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes — acrescentou.

Segundo Jair Bolsonaro, o cenário político do país era outro, muito diferente de 2018, quando venceu as eleições presidenciais.

— Vocês sabem o que está acontecendo. Achando que esses caras estão de brincadeira? Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar, levanta braço? Acredita que são pessoas isentas? — questionou. Ninguém se pronunciou.

 

Tempus Veritatis


Ato seguinte, o presidente passou a pressionar seus colaboradores, ao exigir dos ministros que concordassem com as suas alegações a respeito das falibilidade das urnas eletrônicas. Quem discordasse dele estaria “no lugar errado”, ameaçou.

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que autorizou os mandados de busca e apreensão da Operação Tempus Veritatis, a exigência de Jair Bolsonaro aos seus ministros demonstra “total desvio de finalidade” das funções dos cargos públicos. O então presidente estaria, segundo Moraes, ordenando a promoção de “desinformações e notícia fraudulentas” quanto ao sistema eleitoral.

“Nesse sentido, o então presidente da República exige que seus ministros – em total desvio de finalidade das funções do cargo – deveriam promover e replicar, em cada uma de suas respectivas áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e dissociados do interesse público”, resumiu Moraes, no despacho que autorizou buscas e prisões na manhã passada.

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