Na Venezuela, no entanto, o fato de os vizinhos – entre outros países do mundo – não reconhecerem o resultado das eleições não parece ser algo decisivo para a sociedade. Neste domingo, por exemplo, em todo o país, ocorria a Consulta Popular Nacional.
Por Redação, com agências internacionais – de Brasília, Bogotá e Caracas
Brasil e a Colômbia lançaram, neste domingo, comunicado conjunto a respeito da situação na Venezuela. Os presidentes dos dois países voltaram a pedir a publicação transparente das atas eleitorais desagregadas por seção e de forma verificável. E dizem que permanecem convencidos de que somente assim a credibilidade do processo eleitoral poderá ser restabelecida.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o líder colombiano, Gustavo Petro, acertaram os termos do comunicado em conversas telefônicas na sexta-feira e na véspera. O comunicado ressalta ainda que a normalização política da Venezuela depende do diálogo pacífico e da convivência democrática na diversidade.
Sem violência
Na última quinta-feira, a Suprema Corte da Venezuela reconheceu a vitória de Nicolás Maduro, após investigação sobre o processo eleitoral, mas proibiu a divulgação das atas. Mas os líderes de Brasil e Colômbia lembraram que as forças políticas venezuelanas assinaram, no ano passado, o Acordo de Barbados, se comprometendo a realizar eleições transparentes.
Por isso, reiteraram que continuam aguardando a divulgação das atas desagregadas por seção de votação pelos órgãos eleitorais do país vizinho.
Ambos os presidentes também conclamaram a todos os envolvidos que evitem recorrer a atos de violência e à repressão. E manifestaram sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais contra a Venezuela. Para os presidentes, essas sanções são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população, especialmente as camadas mais vulneráveis.
Transparência
Como países vizinhos diretamente interessados na estabilidade da Venezuela e da região, e testemunhas dos Acordos de Barbados, Brasil e Colômbia mantêm abertos seus canais de comunicação com as partes e reiteram sua disposição de facilitar o entendimento entre elas.
Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação. E relembram os compromissos assumidos pelo governo e pela oposição mediante a assinatura dos Acordos de Barbados, cujo espírito de transparência deve ser respeitado.
Manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis.
Novas eleições
Na Venezuela, no entanto, o fato de os vizinhos – entre outros países do mundo – não reconhecerem o resultado das eleições não parece ser algo decisivo para a sociedade. Neste domingo, por exemplo, em todo o país, ocorria a Consulta Popular Nacional, uma espécie de eleição dos temas mais importantes para o investimento público.
Trata-se da continuação do que foi realizado no mês de abril e faz parte de uma estratégia governamental para fortalecer o poder popular e a autogestão comunitária. A segunda Consulta Popular Nacional começou neste domingo nos mais de 4,5 mil circuitos ou comunas de toda a Venezuela, onde um projeto será escolhido entre sete candidatos em assembleias de conselhos comunais.
— Todos os venezuelanos com mais de 15 anos são chamados à participação popular no domingo — explica Ana María Cabrera, integrante da comissão e porta-voz da ‘Comuna Unidos por el Gigante’ do Estado de Miranda, numa mesa redonda de imprensa do Ministério para Comunas e Movimentos Sociais que antecederam a consulta deste domingo.
— O único requisito necessário para participar é um cartão de identificação . Além disso, todas as pessoas com mais de 15 anos podem votar — concluiu.