Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Bolsonaro tenta se livrar da culpa pela morte de brasileiros na pandemia

Em sua conta no Twitter, mais cedo, Bolsonaro já havia colocado a responsabilidade sobre os governantes estaduais e municipais. “Lembro à nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos governadores e dos prefeitos”, escreveu.

Segunda, 08 de Junho de 2020 às 11:14, por: CdB

Em sua conta no Twitter, mais cedo, Bolsonaro já havia colocado a responsabilidade sobre os governantes estaduais e municipais. “Lembro à nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos governadores e dos prefeitos”, escreveu.

Por Redação - de Brasília

O presidente Jair Bolsonaro tenta tirar o corpo fora da maior crise sanitária de que o país tem notícia, há mais de um século. O mandatário neofascista disse, nesta segunda-feira, que a responsabilidade pelo combate ao novo coronavírus, no Brasil, é apenas dos governadores e prefeitos. Bolsonaro também considera que o “grande problema” enfrentado pelo país, hoje, são as manifestações contra o governo, sem levar em conta as mais de 100 mil mortes previstas por organismos internacionais de saúde.

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Bolsonaro tira a máscara para dizer aos seus seguidores que não tem culpa pela morte de centenas de milhares de brasileiros pela covid-19

— Nessa questão de desemprego e mortes, governadores. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu todo poder para eles para gerir esse problema. Eu apenas coloco bilhões (de reais) nas mãos deles. E alguns ainda desviam — disse Bolsonaro aos seus seguidores, na porta do Palácio da Alvorada.

Em sua conta no Twitter, mais cedo, Bolsonaro já havia colocado a responsabilidade sobre os governantes estaduais e municipais. “Lembro à nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos governadores e dos prefeitos”, escreveu.

Doença

Na verdade, decisão do STF deu a governadores e prefeitos apenas o poder de decidir sobre medidas para tentar conter a disseminação da epidemia, como a decretação de lockdowns ou fechamento de empresas e comércio.

O STF não eximiu o governo federal de agir no combate à doença. A coordenação e planejamento de ações de combate à epidemias é um dos mandatos do Ministério da Saúde, assim como a coordenação e distribuição de equipamentos, repasse de recursos, habilitação de leitos de UTI, entre outras.

Bolsonaro tem sido responsabilizado pelos números crescentes da epidemia no Brasil, que, de acordo com o painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), chegou a 680.456 casos confirmados e 36.151 óbitos, no domingo.

Governança

Desde o início, Bolsonaro foi contrário a medidas de isolamento e acusa governadores de agiram contra o país e serem responsáveis pelo crescente desemprego. Em sua conta no Twitter, o presidente diz que o governo alocou centenas de bilhões de reais não apenas para combater o vírus, mas para evitar o desemprego, e que cada mês de pagamento do auxílio emergencial custa ao governo R$ 40 bilhões.

Bolsonaro reclama ainda que há grupos tentando desestabilizar o governo.

“Ao lado disso forças nada ocultas, apoiadas por parte da mídia, açoitam o presidente da República das mais variadas formas para deslegitimá-lo ou atrapalhar a governança”, escreveu.

Venezuela

A seus apoiadores, o presidente reforça que o “grande problema” do Brasil no momento são as manifestações contra o governo.

— O grande problema agora é o que vocês estão vendo aí agora, viram (na véspera) um pouco na rua. Estão começando a por as mangas de fora. É muito interesse que tem no Brasil, de dentro e de fora. Pode ter certeza que não vou desistir. A gente vai vencer essa luta aí. O Brasil não vai para a esquerda, não vai afundar, não vai virar uma Venezuela — ilude-se.

Antes mesmo das manifestações de domingo, Bolsonaro atacou grupos que planejavam protestos contra o governo como “marginais, “terroristas” e até “maconheiros” para tentar desqualificar os grupos. Nesse final de semana, os protestos aconteceram de modo geral de forma pacífica e sem confusões em todo país.

Devagar

A exceção ficou por conta de um pequeno grupo que, segundo a polícia de São Paulo, se separou no final do ato e tentou chegar à Avenida Paulista, onde ocorria um pequeno ato a favor do governo.

Bolsonaro disse ainda a seus apoiadores que não tem como resolver todos os problemas de uma vez só, mas lembrou que indicará um ministro ao STF —que é alvo constante de ataques dos bolsonaristas— em novembro deste ano.

— Eu vou indicar primeiro ministro do STF agora em novembro. A gente vai arrumando as coisas devagar aqui — acrescentou.

Manifestações

Bolsonaro repisou o discurso, pouco depois, durante a na cerimônia de posse do secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Claudio de Castro Panoeiro. Ele afirmou que seu governo é alvo de acusações que buscam deslegitimá-lo por parte de opositores que não aceitam a derrota na eleição presidencial de 2018, mas que tem se mantido firme apesar dos ataques.

— Mais que um momento, é uma constância os problemas que o governo enfrenta com aqueles que não aceitaram perder no voto as eleições em 2018. A todo tempo nos fustigam com as mais absurdas acusações, buscando uma maneira de nos deslegitimar, nos agredir, de nos desacreditar perante a opinião pública. O governo tem se mantido firme pela postura, o caráter e a capacidade de cada um dos seus integrantes — reprisou Bolsonaro.

No domingo, um grande manifestantes contrários e apenas alguns a favor do presidente protestaram nas maiores cidades do país, em atos sem registro de confrontos na maior parte do tempo.

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