“Protocolamos na Justiça do Distrito Federal uma ação exigindo imediata demissão de Fábio Wajngarten, que recebe dinheiro de emissoras e agências contratadas pelo governo Bolsonaro através da FW Comunicação e Marketing, da qual tem 95% das ações. Basta de corrupção!”, exclamou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa, nesta quinta-feira, do secretário de Comunicação Social da Presidência, Fábio Wajngarten, e disse que vai mantê-lo no cargo, após reportagem do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo (FSP) acusá-lo de receber propina, por meio de uma empresa da qual é sócio, em forma de pagamentos de emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pelo governo. O caso foi parar na Justiça.
Em mensagem publicada numa rede social, nesta manhã, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) avisou que Wajngarten será investigado e pede que seja demitido do cargo.
“Protocolamos na Justiça do Distrito Federal uma ação exigindo imediata demissão de Fábio Wajngarten, que recebe dinheiro de emissoras e agências contratadas pelo governo Bolsonaro através da FW Comunicação e Marketing, da qual tem 95% das ações. Basta de corrupção!”, exclama o parlamentar.
Notícia-crime
Wajngarter também será convocado a prestar esclarecimentos no Congresso, segundo adiantou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que o denunciará à Procuradoria Geral da República (PGR).
“Ao contrário do que faz o presidente, não vamos aceitar outra denúncia de corrupção contra esse desgoverno ir para debaixo do tapete. Vou pedir a convocação do chefe da Secom, Fábio Wajngarten, para depor na CTFC do Senado e apresentarei uma notícia-crime na PGR”, adverte o senador.
Para o presidente, no entanto, não há qualquer ilícito no fato de o secretário ser sócio da empresa que presta serviços aos veículos de comunicação e agências de propaganda que ele contrata e determina o pagamento.
— O que eu vi até agora está tudo legal com o Fábio, vai continuar, é um excelente profissional. Se fosse um porcaria, igual alguns que têm por aí, ninguém estaria criticando ele — disse Bolsonaro em entrevista na saída do Palácio da Alvorada, nesta manhã.
Ilegal
Ao ser perguntado se Wajngarten deveria se afastar da empresa da qual é sócio, Bolsonaro disse que não responderia, mas emendou:
— Se for ilegal, a gente vê lá na frente.
Na véspera, logo após a divulgação da reportagem-denúncia na FSP, Wajngarten disse que não estava à frente do órgão “para fazer negócios” e se defendeu da acusação, após garantir que permaneceria no cargo.
— É realmente absurdo esse tipo de matéria. Eu não estou (aqui) para fazer negócios. Eu estou aqui para transformar a comunicação da Presidência da República com a maior ética possível, com a maior transparência possível e com a maior modernidade possível — afirmou.
‘Sai fora’
Em nota divulgada pouco antes da declaração de Wajngarten, a Secom classificou como “mentira absurda, ilação leviana” a tentativa de imputar ao secretário “procedimento ilegal por suposto ‘recebimento’ de dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade contratadas pela própria Secom, por uma empresa em que ele é sócio”.
Ao deixar o Alvorada, pela manhã, Bolsonaro evitou, primeiramente, responder sobre a denúncia ao secretário. Em vez disso, atacou duramente a FSP e a repórter do jornal que o questionou sobre o caso. Bolsonaro disse que o jornal não tem credibilidade para acusar ninguém.
— Lamentavelmente, uma péssima imprensa que faz a Folha de S.Paulo. Outra pergunta, aqui acabou. Folha de S.Paulo está fora. Sai fora, Folha de S.Paulo, vocês não têm moral para perguntar nada — advertiu.
Ameaça
Questionado pela repórter do jornal sobre a sanção do fundo eleitoral, que prevê R$ 2 bilhões para partidos usarem nas campanhas este ano, Bolsonaro rebateu novamente.
— Já falei que a Folha está fora. Você não aprende que a Folha está fora? A Folha é um lixo. A Folha é um lixo. Eu quero saber, a Folha de S.Paulo, o Datafolha, eu perderia para todo mundo no segundo turno. Você não tem vergonha na cara, vem aqui fazer plantão? Eu sei que você não é dona da Folha, desculpa, você, como pessoa, não tenho nada contra você, mas você está cumprindo aqui o seu papel para tentar infernizar o governo — acrescentou.
Depois dos ataques de Bolsonaro à FSP, a ameaça foi reforçada em pronunciamento de Wajngarten, desta vez no Twitter. Ele disse que o diário têm “o intuito final” de “minar o presidente Jair Bolsonaro”.
— Sabemos disso e não vamos deixar barato — ameaçou.