Rio de Janeiro, 21 de Março de 2025

Bolsonaro usa máscara em entrevista, após chamar coronavírus de ‘histeria’

Logo no início do pronunciamento, Bolsonaro informou que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, testou positivo para o coronavírus. Albuquerque é o segundo ministro do governo a contrair a doença, motivo que alegou para usar, de maneira errada, a máscara higiênica.

Quarta, 18 de Março de 2020 às 15:28, por: CdB

Logo no início do pronunciamento, Bolsonaro informou que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, testou positivo para o coronavírus. Albuquerque é o segundo ministro do governo a contrair a doença, motivo que alegou para usar, de maneira errada, a máscara higiênica.

Por Redação - de Brasília
Na tentativa de recompor a imagem do governo, desgastada após a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na manifestação golpista do último domingo, ministros e o próprio mandatário neofascista concederam entrevista entrevista coletiva, nesta quarta-feira, para falar sobre as novas medidas de combate ao coronavírus. Mensagens circularam nas redes sociais, nesta manhã, com notícias muito diferentes daquelas divulgadas pelas autoridades de saúde.
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Bolsonaro se atrapalha na hora de vestir a máscara higiênica, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Logo no início do pronunciamento, Bolsonaro informou que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, testou positivo para o coronavírus. Albuquerque é o segundo ministro do governo a contrair a doença, motivo que alegou para usar, de maneira errada, a máscara higiênica. De fato, segundo a professora da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luciana Boiteux, Bolsonaro cometeu no domingo um crime de responsabilidade, violando diversas normas, inclusive recomendações da autoridade sanitária do país, ao estimular e participar de atos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, em meio à pandemia de coronavírus. — O que é mais grave, para mim, é esse mau exemplo dado pelo presidente, que pode trazer retrocessos importantes nessa campanha correta. O Ministério da Saúde de Bolsonaro está agindo corretamente, mas o nosso presidente, infelizmente, não está à altura do cargo — contesta a professora, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).

‘Histeria’

Em seu discurso, Bolsonaro tentou minimizar o impacto de sua participação temerária no ato contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal e de divulgar imagens de manifestações pelo país. O presidente preferiu acusar outras autoridades de participar de situações de aglomeração para justificar o fato de que ignorou a ordem de isolamento dada pela sua equipe médica por quem é monitorado desde que voltou de viagem dos Estados Unidos, na semana passada. Ao menos 13 membros da sua comitiva já atestaram positivo para o coronavírus e o presidente deve ser submetido a novo teste de detecção da doença. Nesta quarta-feira, mais de 400 casos foram confirmados pelo Ministério da Saúde, que recomenda evitar a presença em locais de grande afluência de pessoas. Na véspera, Bolsonaro contrariou o próprio ministro e chamou de “histeria” a divulgação do coronavírus. — Quando a gente vê o presidente zombar dessa epidemia e tratar dessa maneira inclusive as recomendações do seu ministro da Saúde, imagina como isso não vai afetar inclusive os profissionais da saúde, que vão ter que lidar com o agravamento das condições dessa epidemia, casos as pessoas resolvam seguir a linha do Jair Bolsonaro — advertiu Luciana.

Panelaço

Em resposta às atitudes de Bolsonaro, foram convocadas nesta quarta-feira, pela internet, uma série de manifestações em defesa da educação, saúde, direitos e democracia, como principal ação um barulhaço agendado para às 20h30. A data também é marcada por greve de servidores públicos, como em São Paulo, e de trabalhadores na educação pelo país. Na cidade de São Paulo, os servidores estão recebendo orientação do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município (Sindsep) para ficar em casa. Com exceção dos servidores de saúde, mobilizados para o atendimento à população por conta do avanço do coronavírus. As organizações do campo progressista também vão reforçar as ações nas redes sociais para marcar a data, que inicialmente previa manifestações de rua, canceladas em função da crise de saúde.
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