Na véspera, a cerimônia de lançamento do Auxílio Brasil foi cancelada, devido à falta de consenso da equipe econômica. O governo cedeu a pressões do mercado financeiro, que não aceita que os gastos com o novo programa ultrapassem o teto de gastos.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Ex-presidente da República e líder nas pesquisas de intenção de votos para sua reeleição, no ano que vem, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, nesta quarta-feira, o valor de R$ 600 para o Programa Bolsa Família. A jornalistas, Lula disse que não considera como eleitoreira a proposta de R$ 400 que o governo Bolsonaro cogita para o Auxílio Brasil, que deve substituir o programa criado nas gestões do PT.
— Estou vendo o Bolsonaro dizer agora que vai dar R$ 400 de auxílio. Tem gente dizendo que é auxílio eleitoral, que não podemos aceitar. Não penso assim. O PT defende um auxílio de R$ 600 desde o ano passado. O povo precisa. Ele tem que dar. Se vai tirar proveito disso, é problema dele — afirmou.
Na véspera, a cerimônia de lançamento do Auxílio Brasil foi cancelada, devido à falta de consenso da equipe econômica. O governo cedeu a pressões do mercado financeiro, que não aceita que os gastos com o novo programa ultrapassem o teto de gastos.
‘Alucinante’
De outra forma, o valor de R$ 600 para o programa de transferência de renda é defendido pelo PT desde julho do ano passado, quando o partido lançou a proposta do Mais Bolsa Família. O partido calcula que a versão ampliada do programa atenderia a 30 milhões de famílias, ao custo mensal de R$ 19 bilhões.
O ex-presidente também criticou Bolsonaro. Segundo ele, quem governa de fato é o ministro da Economia, Paulo Guedes, “uma coisa alucinante”.
— Bolsonaro está governando mal ou nem está governando — acrescentou.
Emprego
Além disso, Lula disse ainda que não é o momento de falar em eleições. Nesse sentido, o ex-presidente prevê que o “jogo eleitoral” deve começar somente após o carnaval do ano que vem. Até lá, é hora de discutir as questões sociais que afligem o povo brasileiro, como a fome, o desemprego e a pandemia.
— É um momento em que a gente está passando muita, mas muita fome no Brasil, em que o desemprego está muito grande. Pessoas desempregadas ou vivendo de bico ultrapassam 33 milhões de pessoas. É o momento de discutir os problemas sociais do Brasil: o problema da fome, do emprego e dos salários — destacou.
Mantido
O benefício criado para aliviar os efeitos econômicos da pandemia acaba no próximo dia 31. Para a ala política do governo, no entanto, é improvável que haja uma saída dentro do teto de gastos. Afrontar o mercado financeiro com a nova determinação, segundo fontes no Ministério da Economia, era um ponto pacificado, mas a reação dos grandes investidores mostrou o contrário.
A Bolsa de Valores brasileira registrou forte queda e o dólar disparou nesta terça-feira. O Ibovespa, principal indicador da B3, chegou a recuar quase 4% durante a tarde e encerrou o pregão na marca de 110.672 pontos, queda de 3,28%. O dólar foi a R$ 5,59, uma alta de 1,35%.
Nesta manhã, no entanto, o mandatário afirmou, em uma visita ao Ceará, que o Auxílio Brasil de R$ 400 seria mantido.