Na noite passada, Guedes fez um discurso em tom de despedida aos seus assessores e funcionários do Ministério, no qual não apenas admitia a vitória do petista, ao contrário do que prega seu superior imediato, mas praticamente entregava a administração da pasta.
Por Redação - de Brasília
Assessores do presidente Jair Bolsonaro (PL) não esconderam o espanto, na manhã desta quarta-feira, com os palavrões que ecoavam no quarto andar do Palácio do Planalto, para onde o mandatário voltou após 20 dias de descanso depois da derrota, nas urnas, para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A revolta do convalescente de uma erisipela tinha endereço certo: o ministro da Economia, Paulo Guedes, conforme apurou a reportagem do Correio do Brasil.
Na noite passada, Guedes fez um discurso em tom de despedida aos seus assessores e funcionários do Ministério, no qual não apenas admitia a vitória do petista, ao contrário do que prega seu superior imediato, mas praticamente entregava a administração da pasta à equipe de transição para o novo governo, embora restem mais de um mês até a posse.
— Quero agradecer a todo o time. Eu saio para o meu consolo, mas eles ficam. Vão continuar apanhando — declarou o ministro bolsonarista.
Para desespero de Bolsonaro, Guedes garantiu que a atual gestão não deixará uma “bomba fiscal” ou uma “herança maldita” para o sucessor, embora a lista de medidas eleitoreiras adotadas pelo governo que se despede praticada nos últimos meses. Guedes mencionou a pandemia e a guerra na Ucrânia como obstáculos encontrados pelo governo.
— Como dá para alguém sério e preparado entrar numa conversa de herança maldita? Esse é o registro de quem pagou o preço da guerra — acrescentou.
Chuvas de verão
Para a equipe de transição, no entanto, o Orçamento estruturado por Guedes torna-se “inexequível” para 2023. De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integra o grupo de trabalho do setor para a próxima gestão, o atual governo não deixará recursos suficientes para ações emergenciais contra as chuvas de verão no início do ano que vem.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em entrevista a jornalistas da CartaCapital, nesta manhã, também avaliou que “o cenário orçamentário é extremamente preocupante” para o setor de Desenvolvimento Regional. Ele destacou a área de prevenção a desastres naturais e contenção de encostas.
— Nós estamos falando, em números absolutos, em um orçamento, no ano anterior, de 3 bilhões de reais, e a previsão de 25 mil reais para o exercício de 2023. Portanto, na verdade, em pautas que são sensíveis e importantes, a peça orçamentária apenas abriu uma rubrica, mas não destinou orçamento para este fim — resumiu.