Embora não tenha falado em nomes ou citados os ministérios a serem alterados nos bastidores políticos de Brasília já está certa a entrega da Casa Civil a um dos principais líderes do grupo parlamentar chamado de ‘Centrão’, o senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas.
Por Redação - de Brasília
Isolado e com o prestígio em queda até entre aqueles que o ajudaram a se eleger, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou, nesta terça-feira, sua solução para se manter no Palácio do Planalto. Na reforma ministerial anunciada para a próxima segunda-feira, em uma entrevista à rádio Jovem Pan de Itapetininga, pela manhã, o mandatário adiantou que será uma forma de "continuar administrando o país”.
Embora não tenha falado em nomes ou citados os ministérios a serem alterados nos bastidores políticos de Brasília já está certa a entrega da Casa Civil a um dos principais líderes do grupo parlamentar chamado de ‘Centrão’, o senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas. Outra medida seria a recriação do Ministério do Trabalho, extinto com enorme alarde no início de seu governo, sob alegação de “modernização”.
Guedes fraco
Com a decisão tomada, Bolsonaro reconheceu logo depois, em outra entrevista, que está cada vez mais difícil se manter no cargo.
— Temos uma enorme responsabilidade, sabia que o trabalho não ia ser fácil, mas realmente é muito difícil. Não recomendo essa cadeira para os meus amigos — admitiu.
Na reforma, o general Luiz Eduardo Ramos deverá deixar a Casa Civil para ocupar a Secretaria Geral da Presidência, ocupada por Onyx Lorenzoni, que seria movido para o Ministério do Trabalho. O objetivo da mudança é conter a vulnerabilidade de Bolsonaro no Congresso e tentar estancar a crise de perda de base política e social que está desidratando seu mandato. A dança das cadeiras, no entanto, enfraquece ainda mais o ministro Paulo Guedes, no Ministério da Economia, uma vez que temas ligados ao trabalho e Previdência Social sairão de sua alçada.
‘No paraíso’
Ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado por Bolsonaro em 2018, o professor Fernando Haddad (PT) repercutiu o assunto, mais cedo, e disse que são os partidos de centro que passam a governam o Brasil, hoje, e que a configuração atual do Congresso é um "atraso de vida". Segundo afirmou, o "Centrão está no paraíso, no que entendem. Agora o projeto é deles, eles estão desenhando o país à sua imagem".
— Se a democracia vencer em 2022, podemos fazer uma grande reflexão sobre que tipo de governo avançado, moderno, é possível no país. Basta olhar para o Congresso para ver que os limites são enormes. Aquele Congresso é um atraso de vida impressionante — disse Haddad, a jornalistas.
Para o ex-prefeito de São Paulo, o Brasil vive um retrocesso histórico.
— Depois de tudo que remamos, onde fomos parar? Na praia do passado, que queríamos ter superado. De coadjuvante virou ator principal. Ciro Nogueira, Arhur Lira, Ricardo Barros... Essa gente que está mandando no país ou não? Eles vão estar na base de Bolsonaro até o fim. Eu apostaria inclusive que Bolsonaro deve se filiar ao PP — observou.
Manda nada
Se as críticas vinham da centro-esquerda, com o pronunciamento de Haddad, elas se estendem também à direita. No início desta tarde, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), usou as redes sociais para afirmar que a ida do senador Ciro Nogueira, para a Casa Civil, comprova que Jair Bolsonaro “terceirizou” o governo e "não manda mais em nada”.
“Orçamento terceirizado. Cargos terceirizados. Governo terceirizado. Pra que semipresidencialismo se o presidente já não manda nada?”, publicou o parlamentar, em suas redes sociais.
No lugar de Ciro Nogueira, a mãe dele, Eliane e Silva Nogueira Lima (PP-PI), assume a cadeira no Senado. Também filiada ao PP, mas sem experiência em cargos públicos, Eliane é a primeira suplente de Ciro e deixará tudo em família. Nos bastidores, o senador confirmou a aliados que vai assumir a pasta.