A ridícula apresentação de falsas afirmações acerca do sistema de urnas eletrônicas para embaixadores estrangeiros, num powerpoint mal feito, por um presidente patético, resultou em mais desgaste para o governante, incluindo até desavenças em seu próprio núcleo de coordenação da pré-campanha.
Por Luciano Siqueira - de Brasília
A analogia é inapropriada tendo em conta nossa repulsa à cultura armamentista, mas cai muito bem na figura do presidente da República. Acossado por uma oposição crescente lastreada na insatisfação popular, Bolsonaro saca metralhadora giratória e ataca a esmo. E se enfraquece. Isto porque, ainda que carecendo de maior coesão, a resistência democrática se expressa nos mais diferentes segmentos da sociedade. Agora mesmo, a ridícula apresentação de falsas afirmações acerca do sistema de urnas eletrônicas para embaixadores estrangeiros, num powerpoint mal feito, por um presidente patético, resultou em mais desgaste para o governante, incluindo até desavenças em seu próprio núcleo de coordenação da pré-campanha.Sistema eleitoral eletrônico
Da embaixada e do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, em nota enaltecendo a lisura do sistema eleitoral eletrônico brasileiro, aos sucessivos pronunciamentos de segmentos do mundo jurídico e do presidente do Congresso Nacional, crescente é a condenação da ópera-bufa diplomática encenada por Bolsonaro. Mesmo as concessões contidas na chamada PEC kamikaze provavelmente não produzirão os dividendos eleitorais desejados. São R$ 43 bilhões consumidos em benesses de última hora que contradizem o discurso fiscalista do ministro Paulo Guedes e equipe e geram mais instabilidade e geram mais desconfiança entre investidores. A atabalhoada redução de impostos, a facilitação de saques do FTGS, assim como a redução do ICMS no preço dos combustíveis na verdade são paliativos de curto alcance face a tremenda crise econômica e social em que o país se vê mergulhado. Concomitantemente, as ensandecidas ameaças do presidente ao processo democrático tornam perceptível a necessidade de se tentar uma vitória eleitoral das oposições já no primeiro turno. A movimentação no MDB, no sentido até da desistência da sua candidata e de um apoio formal a Lula, reflete esse propósito. E se antes se podia dizer que todas as pedras do tabuleiro das eleições presidenciais se moviam ao modo de placas tectônicas, agora tudo se acelera. E a temperatura do conflito entre a coalizão ultra reacionária de Bolsonaro e o conjunto das forças democráticas tende a se elevar rapidamente. A derrota do governante de extrema-direita, que se vê esfarrapado e atira para todos os lados, há que se consumar agora através da combinação de mais largueza na frente política e eleitoral reunida em torno de Lula e mais intensa mobilização popular. Vencer é possível, e importa que seja já no primeiro turno.Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
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