Os candidatos que disputam o selo da chamada ‘Terceira Via’, que nunca conseguiram chegar a dois dígitos, agora apresentam sinais de derretimento para abaixo dos 5%. Nem a elite econômica, nem a imprensa corporativa parecem ter ainda esperança de encontrar um nome capaz de resolver esse problema.
Por Redação - de São Paulo
“Ciro Gomes tem a última possibilidade de salvar sua carreira política”, acredita o cientista político Paulo Niccoli Ramirez. Para isso, na avaliação do professor da Fundação Escola de Sociologia e Política, o ex-governador do Ceará e pré-candidato do PDT à Presidência da República teria de mover-se para uma aliança de centro-esquerda. Desse modo, se o objetivo do campo progressista é derrotar Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes deveria, segundo o professor, apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— Caso contrário, tende a conduzir sua carreira política para o ostracismo perpétuo — define.
Ainda segundo o analista, “as recentes pesquisas de intenção de voto retratam pelo menos três tendências de difícil reversão na disputa presidencial”.
— A primeira, o confronto entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro virou segundo turno antecipado. A segunda, a rejeição a Lula, na casa dos 40%, ainda tem espaço para cair – dada a construção de alianças ainda em andamento. Enquanto a rejeição de Bolsonaro, na casa dos 60%, tem pouca chance de ser reduzida, dada a incapacidade do governo de fazer a economia reagir. E também de suas ações, dadas como antidemocrática.
Assim, a terceira tendência apontada pelas pesquisas diz respeito ao pelotão de baixo. Os que disputam o selo da chamada ‘Terceira Via’, que nunca conseguiram chegar a dois dígitos, agora apresentam sinais de derretimento para abaixo dos 5%. Nem a elite econômica, nem a imprensa corporativa parecem ter ainda esperança de encontrar um nome capaz de resolver esse problema.
Volta da esquerda
A mesma questão posta para Ciro Gomes pode ser dirigida a outros setores da dita ‘Terceira Via’. Pois sendo Bolsonaro amplamente rejeitado pela maioria – pelo desastre econômico, pela destruição ambiental e do Estado brasileiro –, apoiá-lo terá alto custo político no futuro.
Nesse sentido, de um lado tendem a crescer os votos decisivos e convictos, ou em Lula, ou em Bolsonaro. Mas de outro modo, os eleitores “nem-nem”, podem fazer aumentar os votos nulos e brancos. Assim, os votos válidos aumentam.