Em seu discurso, Lula destacou a experiência brasileira com programas sociais como o ‘Bolsa Família’ e o ‘Fome Zero’, que já transformaram a vida de milhões de pessoas no país, e propôs levar essas soluções para uma escala mundial.
Por Redação – do Rio de Janeiro
O principal objetivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na condução do G20 foi plenamente atingido. Esta é a opinião da maioria dos integrantes do grupo que reúne as 19 nações mais desenvolvidas do planeta mais a União Europeia. Na manhã desta segunda-feira, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza passa a existir, formalmente, com o apoio de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global, de 81 países signatários.

Em seu discurso, Lula destacou a experiência brasileira com programas sociais como o ‘Bolsa Família’ e o ‘Fome Zero’, que já transformaram a vida de milhões de pessoas no país, e propôs levar essas soluções para uma escala mundial.
— A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais. A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, é a ‘expressão biológica dos males sociais’, é produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade — afirmou o presidente, diante de líderes dos cinco continentes.
Políticas
Lula sublinhou que o mundo, apesar de produzir alimentos em abundância, continua a falhar em distribuir essa riqueza de forma equitativa. Segundo ele, o contingente de 733 milhões de pessoas subnutridas, conforme estimativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), reflete escolhas políticas equivocadas.
Ao apresentar a Aliança, Lula enfatizou que o Brasil se oferece como exemplo de que é possível superar a fome e a pobreza com políticas públicas eficazes. Ele relembrou que, em 2014, o país saiu do Mapa da Fome da FAO graças a iniciativas como o ‘Bolsa Família’ e os investimentos na agricultura familiar. Entretanto, o retrocesso dos últimos anos trouxe novamente a fome para milhões de brasileiros.
Formato
Em sintonia com o presidente brasileiro, o chanceler Mauro Vieira concordou, nesta manhã, que o Brasil conclui sua Presidência do G20 com avanços significativos no combate à pobreza e à fome em nível global. De acordo com o ministro de Relações Exteriores, lançou uma ação global direcionada ao combate da fome e da pobreza, destacando a importância de um formato “flexível e inovador” que valoriza programas nacionais com resultados expressivos, como o Bolsa Família e a Merenda Escolar.
Vieira ressaltou que essas iniciativas brasileiras serão fundamentais para a mobilização internacional encabeçada pelo presidente.
— Serão ganhos concretos em um campo de ação política prioritário para o Brasil — afirmou o chanceler.
Volta atrás
Até a Argentina, única voz dissonante no conjunto de países do G20 à Aliança, depois de perceber a unanimidade que apoia a iniciativa lançada pelo Brasil na Presidência do G20, voltou atrás e decidiu aderir ao esforço de combate à fome e à pobreza no mundo. Inicialmente, o país não constava na lista de participantes da Aliança, sendo o único dos 19 países que fazem parte do G20 a não assinar a medida.
No último minuto, após uma avaliação mais detalhada, a Argentina mudou de ideia e decidiu ingressar na aliança. A ausência do país vizinho no documento era vista como um sinal do distanciamento do presidente argentino Javier Milei em relação ao Brasil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mesmo com a adesão à aliança, a Argentina intenciona criar entraves nas negociações em torno do G20. Mas outro argentino, muito mais famoso do que o atual mandatário vizinho, o papa Francisco alertou, nesta segunda-feira, em mensagem enviada à cúpula do G20, que todos que provocam a fome a seus irmãos “cometem indiretamente um homicídio”.