Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Venezuela, fraude ou mais uma tentativa de golpe?

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Terça, 30 de Julho de 2024 às 17:43, por: Rui Martins

A direita venezuelana, conhecida por suas práticas fascistas, alega fraudes nas eleições do país há décadas: jamais conseguiu comprovar nada. Nunca tendo provado, seu único grande mérito foi ter feito escola pelo continente, exportando a estratégia de questionar as eleições para tentar impor golpes, o mais notório de todos o da Bolívia em 2019, logo replicado, sem sucesso, nos EUA em 2021 e no Brasil em 2022. As alegações, sempre trombeteadas pelo governo estadunidense e pela mídia brasileira, sempre foram descartadas por observadores imparciais e instituições internacionais de auditagem eleitoral.

Por David Emmanuel Coelho
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A América Latina vive entre fraudes e golpes

Na verdade, fraude na urna é algo muito pouco usual nos dias que correm. É extremamente custoso e complexo faze-lo, além de facilmente descoberto. Mesmo as mais terríveis ditaduras do oriente médio – aquelas onde a FIFA faz Copas e a imprensa brasileira não vê nunca problema algum – não manipulam o voto depositado, mas procedem de forma mais ampla, impedindo a candidatura de opositores, dificultando a inscrição de eleitores e reduzindo ao máximo os agrupamentos políticos passíveis de serem eleitos.

Aliás, tal forma de procedimento é hoje amplamente adotada naquele país tido como exemplo de democracia, os próprios EUA, onde existem apenas dois partidos, é extremamente difícil se candidatar e se você for negro ou latino poderá nunca conseguir tirar sua autorização para voto.

Mas Maduro agiu nesse sentido, impedindo a candidatura de dezenas de opositores à esquerda e à direita, e dificultando a inscrição de eleitores. A direita fascista lançou um candidato totalmente desconhecido, após inúmeros de seus nomes mais viáveis serem barrados pela justiça controlada pelo chavismo. É pouco provável que Edmundo González , um João Ninguém mesmo entre seus correligionários, fosse conseguir alguma vitória de fato, sendo isso muito mais elocubrações propagandeadas pela mídia.

No fim, como quase sempre, longe de existir aqui uma preocupação com lisuras eleitorais, a crise da Venezuela parece ser um repeteco da crise da Bolívia de cinco anos atrás e visa justificar uma virada de mesa em prol das forças conservadoras. Sob o pretexto da fraude eleitoral, será incentivado um levante das forças reacionárias para tomar o poder à força, em um contexto talvez mais sangrento, pois as forças armadas da Venezuela são hegemonicamente chavistas.

Por David Emmanuel Coelho,  professor e editor do blog Náufrago da Utopia.

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