Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

Sakamoto: com medo de Lula, ‘Bolsonaro dará uma banana ao Brasil’

Arquivado em:
Quinta, 29 de Dezembro de 2022 às 12:47, por: CdB

Segundo o jornalista, “a prioridade (do mandatário) é proteger o próprio pescoço. O Brasil, vítima de terrorismo de seus seguidores que não aceitam o resultado da eleição, que precisaria de um estadista que abaixasse a fervura que ele mesmo criou? Que se exploda”.

Por Redação, com Leonardo Sakamoto/UOL - de São Paulo
“Uma fuga de Jair Bolsonaro para a Flórida antes da posse de Lula marcará o fim do seu mandato com duas doses de covardia: uma por não reconhecer a vitória do sucessor, outra por temer ser responsabilizado por eventuais atos de violência que seus seguidores cometam no Primeiro de Janeiro”. A constatação é do colunista do portal UOL Leonardo Sakamoto, nesta quinta-feira.
bolso-banana.jpg
“O problema é que o Brasil produziu um presidente fascista. E muitos se reconheceram nele, sonhando também em dar uma banana ao seu país”, escreve Sakamoto
Segundo o jornalista, “a prioridade (do mandatário) é proteger o próprio pescoço. O Brasil, vítima de terrorismo de seus seguidores que não aceitam o resultado da eleição, que precisaria de um estadista que abaixasse a fervura que ele mesmo criou? Que se exploda”. “Dessa forma, a cena do atual presidente decolando com um avião da Força Aérea Brasileira rumo a Orlando soará como a banana dada ao país pelo personagem mau-caráter Marco Aurélio, vivido pelo ator Reginaldo Faria, na icônica novela Vale Tudo, transmitida pela Rede Globo entre 1988 e 1989. O empresário também fugiu do país em um avião no fim da novela”, acrescentou.

Cássia Kiss

Sakamoto pontua, ainda, que “tanto Jair quanto Marco Aurélio presentearam os brasileiros com declarações amorais. E se o personagem fictício que parece real era acusado de montar esquemas para desviar recursos em benefício próprio, o mesmo pode ser dito do personagem real que parece fictício e as denúncias de desvios de recursos públicos e de lavagem de dinheiro através da compra de 51 imóveis usando dinheiro vivo”. “Aliás, a Era Bolsonaro foi uma grande Vale Tudo. O fato da atriz Regina Duarte, que viveu Raquel Accioli, mãe da gloriosa Maria de Fátima (desculpe o trocadilho), estar na mesma novela política de Marco Aurélio, digo, Jair, ao ter assumido a Secretaria Nacional de Cultura, ajuda deixar mais tênue o limiar entre ficção e realidade. Além disso, a esposa de Reginaldo Faria era interpretada por ninguém menos que Cássia Kiss, que hoje se tornou habitué de manifestações golpistas e ícone da extrema direita religiosa”, sublinha. De acordo com o colunista, “ainda há quem diga que o ministro da Economia, Paulo Guedes, nunca gostou muito de pobre, como a vilã Odete Roitman - da genial Beatriz Segall. E que o ex-ministro das Comunicações, Fabio Faria, caso despachasse de sunga, seria uma nova versão de César, disposto a tudo para vencer, interpretado por Carlos Alberto Riccelli”.

Nova República

“A novela veio a público quando o Brasil vivia um momento turbulento de sua história, em meio a uma Assembleia Constituinte que tentava refundar a democracia após 21 anos de uma ditadura de rapina dos verde-olivas e seus apoiadores parasitas da iniciativa privada. A Nova República estava dando os primeiros passos, em maio de 1988, quando a novela veio ao ar pela primeira vez. Hoje, a Nova República está sendo velada de corpo presente após o contexto que deu sustentação à retomada democrática ter chegado ao fim nas eleições de 2018”, lembra. "Vale a pena ser honesto no Brasil?’ era a grande pergunta da novela. A reflexão sobre a atualidade dessa questão deve ser feita à luz das tantas denúncias de que o presidente usou a coisa pública para o seu interesse privado, cultivando mortos e famintos, e, ainda assim, teve 49,1% dos votos”, observa Sakamoto.

Fascista

E o colunista sublinha: “da tentativa de indicar seu próprio filho ao cargo de embaixador nos EUA ("Pretendo beneficiar um filho meu, sim"), passando pelos gritos exigindo dobrar a PF às suas necessidades na reunião ministerial de 22 de abril de 2020 e pela indicação de amigos pastores que cobraram propina em barras de ouro no Ministério da Educação até o uso da Polícia Rodoviária Federal para impedir que eleitores de Lula chegassem às urnas no segundo turno, Bolsonaro respondeu várias vezes a essa pergunta”. — Você precisa fazer um personagem fascista para que as pessoas entendam o que significa o fascismo — disse Reginaldo Faria, em uma entrevista ao jornal Extra, em 2015. “O problema é que o Brasil produziu um presidente fascista. E muitos se reconheceram nele, sonhando também em dar uma banana ao seu país”, conclui.
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo