Polícia intima professores que imitaram macacos em roda de samba

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Publicado segunda-feira, 29 de julho de 2024 as 14:37, por: CdB

Carolina de Palma, de 28 anos, é argentina e mora em Buenos Aires. Já Thiago Martins Maranhão, 41, é carioca e vive em São Paulo. Ambos são professores de música e estavam de passagem pelo Rio.

Por Redação, com agências de notícias – do Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio identificou e intimou por carta o casal de professores que foi filmado imitando macacos durante uma roda de samba no Centro do Rio, no último dia 19.

Carolina de Palma, 28 é argentina e mora em Buenos Aires; e Thiago Martins Maranhão, 41, é carioca e vive em São Paulo

Carolina de Palma, de 28 anos, é argentina e mora em Buenos Aires. Já Thiago Martins Maranhão, 41, é carioca e vive em São Paulo. Ambos são professores de música e estavam de passagem pelo Rio. Ambos terão que prestar depoimento no inquérito que apura racismo. 

De acordo com a polícia, o Consulado da Argentina ajudou a identificar Carolina, que chegou ao Brasil no dia 14 para participar de um seminário organizado pelo Fórum Latino-Americano de Educação Musical (Fladem). Thiago não chegou a participar do Fladem e voltou para São Paulo pouco depois de o caso ganhar repercussão.

Ainda de acordo com a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), responsável pelo inquérito do caso, Carolina será ouvida por carta rogatória, instrumento jurídico de cooperação processual entre países. Já Thiago vai prestar depoimento em alguma delegacia paulista por carta precatória. A polícia não informou quando os investigados devem se apresentar. 

A atitude da dupla foi filmado pela jornalista Jackeline Oliveira, que, na última segunda-feira procurou a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), para registrar o crime. Ela estava acompanhada da vereadora Mônica Cunha, presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal, do organizador da roda, Wanderson Luna e de uma advogada da comissão.

No vídeo, é possível ver um homem e uma mulher, ambos brancos, imitando macacos em gestos e sons, enquanto a roda de samba acontece. A mulher chega a fingir tirar algo da cabeça do companheiro e colocar na boca. Uma segurança e um controlador de acesso do evento contaram ter visto ao menos mais uma pessoa, além dessa dupla, praticando os mesmos atos racistas.

Discriminação e injúria racial

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), denunciou o delegado de Polícia Civil Maurício Demétrio Afonso Alves pelos crimes de discriminação e injúria racial. A denúncia relata três episódios em que o delegado mostrou seu desprezo por pessoas de cor preta ou fez ofensas racistas.

Todas as falas ocorreram por meio do aplicativo WhatsApp. Em um dos casos, em outubro de 2018, Demétrio chama uma delegada aposentada de “macaca” e “criola”. Da mesma forma, em 2020, Demétrio utiliza em uma conversa a expressão “tinha que ser preto” ao se referir ao então ministro da Educação.

Outro episódio foi em março de 2018, quando o então delegado ironiza a morte da vereadora Marielle Franco, “que, no contexto do que restou demonstrado com a prova dos autos, assim o fez por preconceito racial, certo que a falecida vereadora era mulher de cor preta”, diz a denúncia.

Além da condenação pelos dois crimes, o MPRJ requer que o delegado seja condenado a pagar R$ 100 mil pelos danos morais causados à delegada, bem como R$ 100 mil a título de dano moral coletivo.

Condenação

Em janeiro deste ano, o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, preso desde 2021, foi condenado a 9 anos e 7 meses de prisão por obstrução de Justiça. A pena também estabelece a perda do cargo público e pagamento de 52 dias de multa.  

De acordo com a decisão, o delegado criou um complexo plano, que contou com a instauração de procedimentos policiais e administrativos fraudulentos e manipulação da imprensa, entre outras ações.  

A decisão também ressalta o alto padrão de vida de Maurício Demétrio, com inúmeros registros de gastos com aluguel de mansões, utilização de lanchas e viagens internacionais constantes.  

A medida aponta que a culpabilidade do réu é mais elevada, por se tratar de um profissional responsável por investigações de crimes, sendo um paradoxo tentar embaraçá-las.  

O policial foi preso quando era titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial ( DRCPIM), acusado de chefiar esquema de cobrança de propina de lojistas do tradicional comércio de roupas da Rua Teresa, em Petrópolis, na região serrana do Rio.

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