Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Em meio à pior crise econômica do século, os juros voltam a subir

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Sexta, 26 de Outubro de 2018 às 14:06, por: CdB

No caso do consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 259,9% ao ano em setembro, com aumento de 9,6 pontos percentual em relação a agosto.

 
Por Redação - de Brasília
  Não bastasse o país viver a pior crise econômica dos últimos 20 anos, os consumidores que caíram no rotativo do cartão de crédito pagaram juros mais caros em setembro. A taxa média do rotativo subiu 4,7 pontos percentuais em relação a agosto, chegando a 278,7% ao ano. Os dados foram divulgados hoje (26) pelo Banco Central. A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.
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Crédito no cartão fica ainda mais caro, apesar da economia praticamente paralisada
No caso do consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 259,9% ao ano em setembro, com aumento de 9,6 pontos percentual em relação a agosto. Já a taxa cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) subiu 0,9 pontos percentuais, indo para 292,2% ao ano. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.

No parcelado

Em abril, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Essa regra entrou em vigor em junho deste ano. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa. De acordo com o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, a taxa de rotativo do cartão tem oscilado em níveis mais baixos desde abril, em consequência da medida do CMN. Com isso, segundo ele, houve uma redução importante da taxa de juros para os inadimplentes e a migração das operações do rotativo para o crédito parcelado. “Isso é positivo para a redução de juros de pessoas físicas”, disse. Enquanto a taxa de juros do rotativo chegou a 278,7% ao ano, o parcelamento das dívidas do cartão de crédito pôde ser feito com juros de 152,4% ao ano em setembro.

Cheque especial

Já a taxa de juros do cheque especial caiu 1,8% em setembro, comparada a agosto, e está em 301,4% ao ano. Assim continua a ser a menor taxa desde março de 2016, quando estava em 300,8% ao ano. As regras do cheque especial mudaram em julho. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os clientes que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira. As taxas do cheque especial e do rotativo do cartão são as mais caras entre as modalidades oferecidas pelos bancos. A do crédito pessoal, por exemplo, é mais baixa: 122,2% ao ano em setembro, mesmo com o aumento de 0,8 ponto percentuail em relação a agosto. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) recuou 0,1 ponto percentual, indo para 24,4% ao ano em setembro. A taxa média de juros para as famílias aumentou 0,4 ponto percentual em setembro para 52,2% ao ano. A taxa média das empresas se manteve em 20,4% ao ano.

Inadimplência

A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, caiu 0,1 ponto percentual e ficou em 4,9% em setembro. No caso das pessoas jurídicas, também houve recuo, de 0,2 ponto percentual, ficando em 3,1%. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado. De acordo com Baldini, a inadimplência das famílias (pessoas físicas) continua no menor nível histórico, desde a série iniciada pelo Banco Central em março de 2011. A taxa média de inadimplência com recursos livres para pessoas físicas e empresas - de 4,1% em setembro - também é a menor da série histórica. A explicação são os programas de refinanciamentos e repactuações de dívidas em atraso. “E esse processo, mais ou menos, se consolidou. Boa parte do que havia de crédito em atraso foi renegociado e, de certa forma, deu vida nova agora com taxas mais baixas”, explicou.

Pessoas físicas

Segundo ele, no caso das pessoas físicas, isso vem ocorrendo de forma constante desde 2016. Para empresas, os processos de renegociações avançaram até o ano passado e vem se consolidando. “A inadimplência das empresas está 3,1%, era quase o disso em maio do ano passado [6%]. Mas também houve a recuperação da economia, com a expansão do crédito e melhoria das condições de pagamento”, explicou. No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) os juros para as pessoas físicas também caíram 0,2 ponto percentual, para 7,6% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,7 ponto percentual, para 8,7% ao ano. A inadimplência das pessoas físicas caiu 0,2 ponto percentual e ficou em 1,7% e a das empresas subiu 0,4 ponto percentual, para 2%. “São as [taxas] mais baixas desde dezembro de 2014. Esse nível baixo configura um cenário favorável para a continuidade da recuperação sustentável do mercado de crédito”, disse Baldini.

Saldo dos empréstimos

Em setembro, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 3,168 trilhões, com aumento de 0,4% no mês e de 2,5% no ano. Em 12 meses, a expansão foi de 3,9%. Esse estoque do crédito corresponde a 46,7% de tudo o que o país produz – o Produto Interno Bruto (PIB).
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