Segundo a FGV, mesmo que o maior responsável pela queda tenha sido a agropecuária, houve recuos também nos setores da indústria e dos serviços, influenciados pelos juros elevados.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
O Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - apresentou queda de 3% em maio deste ano, na comparação com abril; além de derrubar a busca por crédito junto ao mercado financeiro, segundo observam analistas econômicos ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em sua pesquisa Monitor do PIB, e em relatório expedido pela Serasa Experian.
Segundo a coordenadora do estudo na FGV, Juliana Trece, o recuo da atividade econômica brasileira no mês foi influenciado, diretamente, pelo fim dos principais meses de colheita da soja. Como o crescimento do PIB nos primeiros meses foi puxado pela produção do grão, o fim da colheita provocou um recuo no indicador em maio. Juliana afirmou ainda que mesmo que o maior responsável pela queda tenha sido a agropecuária, houve recuos também nos setores da indústria e dos serviços, influenciados pelos juros elevados.
Na comparação com maio do ano passado, no entanto, a economia cresceu 1,8%. Também houve alta de 3,5% na comparação do trimestre encerrado em maio deste ano com o mesmo período de 2022.
Consumo
A alta neste último tipo de comparação foi puxada pelo consumo das famílias, que cresceu 2,9%, e pelas exportações, que avançaram 17,2%. A formação bruta de capital fixo (investimentos) caiu 0,8% no trimestre. Já as importações, que contam negativamente para o cálculo do PIB, aumentaram 7,3%.
O monitor do PIB não é a pesquisa oficial sobre o desempenho da economia brasileira. Oficialmente, o PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado trimestralmente.
O dado mais recente do IBGE aponta que - no primeiro trimestre deste ano - a economia brasileira cresceu 1,9% na comparação com o último trimestre de 2022 e 4% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, além de ter acumulado alta de 3,3% em 12 meses. Segundo o último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, a economia brasileira deve crescer 2,24% este ano.
Crédito
A busca por crédito pelas empresas no primeiro semestre deste ano teve queda de 3,5% na comparação com igual período do ano passado, aponta levantamento da empresa de consultoria Serasa Experian. É a primeira vez que o Indicador de Demanda das Empresas por Crédito tem retração no acumulado dos primeiros seis meses do ano desde 2020, meses iniciais da pandemia da covid-19.
Para Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, a atual taxa básica de juros em 13,75% ao ano, definida pelo Banco Central, faz com que as condições de obtenção de crédito não sejam atraentes para os empreendedores. Isso leva os empresários a “adiar, por enquanto, a busca por recursos financeiros”. Ele avalia que “à medida em que a melhora na economia se tornar mais evidente e as taxas de juros começarem a diminuir, será possível enxergar uma retomada no indicador”.
A taxa de juros está no maior nível desde janeiro de 2017 e assume o primeiro lugar no mundo. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para o início do mês de agosto. Para o mercado financeiro, a expectativa é que haja uma diminuição na taxa.