A declaração de Alvim gerou críticas exaltadas na cúpula e entre apoiadores do governo, principalmente dos representantes de Israel e da bancada evangélica. Alvim, que chegou à Secretário especial de Cultura no fim de outubro, divulgou uma nota na manhã desta sexta-feira em sua conta particular no Facebook dizendo que foi “apenas uma coincidência retórica”.
Por Redação - de Brasília
Presidente da República, o neofascista Jair Bolsonaro (sem partido), divulgou nota nesta sexta-feira, na qual afirmou que “ficou insustentável” a continuidade do secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, depois de publicar vídeo com apologia ao nazismo, em um discurso copiado de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda no governo nazista do austríaco Adolph Hitler. O anúncio ocorreu no início desta tarde e a exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
A declaração de Alvim gerou críticas exaltadas na cúpula e entre apoiadores do governo, principalmente junto aos representantes de Israel e a bancada evangélica. Alvim, que chegou à Secretário especial de Cultura no fim de outubro, divulgou uma nota na manhã desta sexta-feira em sua conta particular no Facebook dizendo que foi “apenas uma coincidência retórica” o uso de uma frase de Goebbels no vídeo publicado no perfil oficial da secretaria na noite desta quinta-feira.
Goebbels
“Não há nada de errado com a frase. Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbles. Não o citei e jamais o faria. Foi, como eu disse, uma coincidência retórica. Mas, a frase em si é perfeita: heroísmo e aspirações do povo é o que queremos ver na Arte nacional”, escreveu.
O objetivo do vídeo era divulgar o Prêmio Nacional das Artes, apresentado horas antes em live com a participação do próprio presidente. Um dos trechos foi destacado diretamente do discurso do ministro nazista.
Os discursos se equivalem:
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no seu vídeo.
Forma e conteúdo
Não apenas o conteúdo do discurso, mas a estética do vídeo, o tom de voz e a aparência do secretário, além do vocabulário e da trilha sonora fazem várias personalidades comparar a divulgação à propaganda nazista.
A música de fundo usada por Alvim é um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida
Críticas
Até conservadores extremos, a exemplo do astrólogo Olavo de Carvalho, admirado por Alvim, criticaram a atitude do ex-secretário. Carvalho disse que o pupilo estaria “ficando maluco”. Josias Teófilo, cineasta e confidente de Alvim, também seguidor de Carvalho, foi o primeiro a defender a demissão do ex-colega, com quem rompeu em dezembro.
— Esse vídeo é assustador — declarou.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em nota divulgada nesta tarde, pediu a exoneração imediata de Alvim e o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) anunciou que pedirá o indiciamento do ex-secretário pelo crime de apologia ao nazismo.