Rio de Janeiro, 25 de Novembro de 2024

Denúncia de Eike Batista enfraquece posição de Aécio no PSDB

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Terça, 11 de Fevereiro de 2020 às 11:11, por: CdB

O empresário, que amealhou uma fortuna durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, afirmou que o dinheiro seria uma contrapartida pela ajuda de Aécio Neves às empresas do grupo.

Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
O acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República, fechado em favor do empresário Eike Batista, revelou o pagamento de R$ 20 milhões de propina ao atual deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). A denúncia foi a pá de cal na intenção do parlamentar mineiro, ex-candidato à Presidência da República, de permanecer na liderança da bancada tucana, na Câmara.
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Aécio perde espaço na Executiva Nacional do PSDB, após a delação premiada de Eike Batista
O empresário, que amealhou uma fortuna durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, afirmou que o dinheiro seria uma contrapartida pela ajuda do tucano às empresas do grupo, junto ao poder público. Em especial aquelas instaladas no Estado de Minas Gerais. Entre os benefícios citados por Eike está a concessão de licenças ligadas ao meio ambiente. O empresário foi preso duas vezes, mas teve prisão revogada no Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF-II), em agosto do ano passado. De acordo com o Ministério Público Federal, no total, Batista movimentou mais de R$ 800 milhões entre 2010 e 2013 em transações com indícios de manipulação do mercado de ações.

Doria

Uma vez divulgada a denúncia do ex-bilionário, a assessoria do parlamentar tucano tratou de desmenti-la. Em nota, encaminhada às redações da mídia conservadora, os assessores de Neves disseram que a "acusação é falsa e absurda” e que "jamais intercedeu em favor de qualquer interesse do Sr. Eike Batista”. “É lamentável que acusações levianas, como essa, sejam aceitas por autoridades sem a menor comprovação, exclusivamente para atender interesse de um réu confesso de inúmeros crimes e que, agora, busca obter benefícios através de falsas imputações que jamais serão comprovadas exatamente por serem falsas”, diz a nota. Se recebeu ou não a propina, no entanto, o estrago já foi consumado junto à direção nacional do PSDB. Dividida entre um aliado do deputado Aécio Neves (MG) e um do governador de São Paulo, João Doria, a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados desistiu de mudar seu líder para 2020. Após uma breve guerra de listas no ano passado, o acordo agora é manter Carlos Sampaio (SP).

Bancada

Próximo de Doria e do presidente do partido, Bruno Araújo (PE), Sampaio foi líder em 2019 e é visto com bons olhos pelos aliados de Aécio. A princípio, o grupo do mineiro queria impôr a escolha de Celso Sabino (PA) como líder. O governador paulista, porém, conseguiu inserir dois deputados aliados seus na bancada. Aos poucos, o apoio por um novo líder ligado a Aécio diminuiu. O grupo ligado a Doria e Bruno Araújo também teve que ceder. Antes, a ideia era que Beto Pereira (MS) assumisse a liderança na Câmara. Após algumas reuniões no retorno do Congresso do recesso, ficou claro que o nome que alcançaria o maior consenso era o de Carlos Sampaio, que já havia voltado à liderança no fim do ano passado para pacificar os tucanos. — Eu tinha votos o suficiente para me tornar líder nessa semana, mas em função de uma necessidade de manutenção da unidade da bancada, eu tomei a decisão de abrir mão e criar uma excepcionalidade em favor da manutenção do líder Carlos Sampaio por este exercício — diz Beto Pereira.

No voto

Inicialmente, em uma reunião na semana passada, Celso Sabino e seus aliados haviam recusado o acordo para manter Carlos Sampaio, exigindo uma nova eleição com o argumento de que tinham 16 votos — um a menos do que o necessário, com 33 deputados no PSDB — e iriam tentar ganhar no voto. Nos dias seguintes, no entanto, um grupo de deputados que haviam apoiado Aécio e Celso procurou os aliados de Carlos Sampaio e Beto Pereira para manifestar o apoio à manutenção do líder por mais um ano, em prol da união da bancada. Segundo a ala que apoia Carlos, o grupo de Aécio hoje tem apenas cinco apoiadores, com chance de perder mais dois, nos próximos dias.
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