A CPI investigará supostos privilégios à empresa brasileira Léros, ligada ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), do mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro.
Por Redação, com agências internacionais - de Assunção, Brasília e São Paulo
A suspeita de uma ação criminosa contra os cofres públicos do Paraguai levaram o Congresso daquele país a estabelecer, a partir da segunda-feira, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A comissão visa apurar a atuação do presidente Mario Abdo Benítez e do vice-presidente Hugo Velázquez no acordo de renegociação da venda de energia de Itaipu, na fronteira entre Brasil e o país vizinho.
A CPI investigará supostos privilégios à empresa brasileira Léros, ligada ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), do mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro. O acordo, cancelado às pressas após a denúncia, levaria o Paraguai a pagar mais caro pela energia proveniente de Itaipu.
Benítez é acusado de traição à pátria por ter assinado com o Brasil um documento que aumenta custos com energia em US$ 200 milhões por ano. De acordo com o senador Eusebio Ramón Ayala, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), nomeado para compor a comissão, há indícios de que a Léros recebeu tratamento preferencial em relação às demais empresas que demonstraram interesse à Administração Nacional de Eletricidade (Ande, a Eletrobrás paraguaia) em intermediar a venda da energia excedente para o país vizinho.
— Vamos investigar a ata (que sacramentou o acordo), todo o trabalho prévio, consequências e conexões com a Léros — disse Ayala, integrante da oposição, a jornalistas.
Mercado livre
No Brasil, a Bancada do PT na Câmara dos Deputados protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo e o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, general Joaquim Silva e Luna. Parlamentares querem que a PGR investigue denúncias sobre irregularidades na renegociação sigilosa.
A petição aponta que, "segundo denúncias de jornais paraguaios, houve pressão de lobistas de empresas brasileiras comercializadoras de energia, para que se retirasse do acordo uma cláusula que possibilitaria que a empresa estatal paraguaia ANDE pudesse comercializar o excedente de energia não utilizado pelo Paraguai diretamente no mercado livre do Brasil”.