Na véspera, o diário conservador paulistano Folha de S.Paulo noticiou que a irmã de Adriano acusou o Palácio do Planalto de oferecer cargos em troca do assassinato do miliciano. As mensagens foram enviadas dois dias depois do assassinato de Nóbrega. As gravações, no entanto, ficaram inéditas por determinação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.
Por Redação - de Brasília
Em sua transmissão semanal, na noite passada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cometeu um “ato falho” ao comentar os desdobramentos do caso do miliciano Adriano da Nóbrega. Mesmo sem a comprovação das autoridades de que os dois crimes estão relacionados, Bolsonaro citou o caso de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, em 2018.
Na véspera, o diário conservador paulistano Folha de S.Paulo noticiou que a irmã de Adriano acusou o Palácio do Planalto de oferecer cargos em troca do assassinato do miliciano. As mensagens foram enviadas dois dias depois do assassinato de Nóbrega. As gravações, no entanto, ficaram inéditas por determinação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, ao longo dos últimos dois anos.
Durante o comentário sobre o assunto, o presidente Bolsonaro surpreendeu ao trazer o caso de Marielle à mesa e aproveitou para dizer que não tinha “motivo nenhum” para ser acusado como mandante do crime.
Família
— Alguém me aponte um motivo que eu poderia ter para matar Marielle Franco. Motivo nenhum, zero, não dá nem para discutir mais. Os áudios dela, pelo que tomei conhecimento, ela se equivocou: em vez de falar Palácio das Laranjeiras, falou Palácio do Planalto — esquivou-se o mandatário, durante a transmissão pela internet.
Ao se referir à irmã de Adriano da Nóbrega, Daniele da Nóbrega, Bolsonaro disse:
— Nunca conversei com ela, pelo que eu lembre.
O presidente ainda criticou uma publicação no Twitter do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), nesta semana, em que chama a família Bolsonaro de “mafiosa”.
‘Chumbada’
“É público que o miliciano tinha relações íntimas com a família Bolsonaro e a hipótese de queima de arquivo sempre esteve à mesa”, escreveu Orlando, em mensagem na rede social.
Depois do “ato falho” de Bolsonaro, Orlando Silva disse que o presidente “se entregou” ao fazer relação entre os dois casos.
— O próprio Bolsonaro se colocou na cena do crime. Eu não relacionei os áudios sobre o assassinato do PM Adriano Nóbrega com a Marielle. Mas peixe morre pela boca, né? O capitão engoliu a chumbada — disse Orlando Silva a jornalistas, na manhã desta quinta-feira.