Rio de Janeiro, 16 de Março de 2025

Vidal e sua pequena gráfica ganharam repasse milionário do PSL

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Quinta, 14 de Fevereiro de 2019 às 16:46, por: CdB

O dono da Vidal Assessoria e Gráfica Ltda. se apresenta como presidente do PSL em Amaraji. Repórteres do jornal visitaram a empresa, na véspera, e constataram que, na pequena sala, havia apenas duas máquinas e uma recepcionista. Vidal esteve com o já presidente eleito Jair Bolsonaro em sua casa, no Rio, em novembro.

 
Por Redação — de Recife
  As investigações do Ministério Público Eleitoral, abertas à partir do levantamento produzido por um dos diários conservadores paulistanos quanto ao repasse milionário de recursos públicos para as campanhas dos candidatos do PSL, entre eles o presidente da República, Jair Bolsonaro, levam os promotores até uma pequena gráfica, no interior de Pernambuco.
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O dono da Vidal Assessoria e Gráfica Ltda. esteve com o já presidente eleito Jair Bolsonaro em sua casa, no Rio, em novembro
Integrante do diretório estadual do partido, a empresa de Luís Alfredo Vidal Nunes da Silva, de 28 anos, lidera o ranking dos estabelecimentos comerciais que mais receberam verba federal no Estado, durante as últimas eleições. Ao todo, segundo publicou o jornal Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira, “sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário na gráfica Vidal, que nunca havia participado de uma eleição e funciona em uma pequena sala na cidade de Amaraji”, no agreste pernambucano.

Campanha

“Levantamento da Folha identificou que pelo menos 88% deste valor, a quase totalidade dos repasses de fundo partidário e fundo eleitoral, foram de responsabilidade oficial do presidente nacional do PSL à época, Gustavo Bebianno, então coordenador de campanha de Bolsonaro e hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência”. Ainda de acordo com a apuração, o dono da Vidal Assessoria e Gráfica Ltda. se apresenta como presidente do PSL em Amaraji. Repórteres do jornal visitaram a empresa, na véspera, e constataram que, na pequena sala, havia apenas duas máquinas e uma recepcionista. Vidal esteve com o já presidente eleito Jair Bolsonaro em sua casa, no Rio, em novembro. — Fui só para tirar uma foto — disse ele a jornalistas. Vidal, no entanto, coordenou a campanha presidencial na região da Mata Sul de Pernambuco.

Vidal e sua gráfica

“Fundador e principal cacique do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE) também teve importante papel nessas decisões. À época presidente licenciado, ele está novamente no comando da sigla”, acrescenta. — Não vejo nenhum problema — disse Vidal sobre ter recebido mais de R$ 1 milhão de verba do fundo eleitoral, embora o local não tenha infraestrutura para entregar o volume de material encomendado.. O deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, chegou a destinar R$ 848 mil à empresa de Vidal para a impressão — de acordo com as notas fiscais — de mais de 5 milhões de santinhos e adesivos, entre outros materiais.

Cliente político

Secretária da legenda e candidata a deputada federal, “Érika Siqueira, declarou gastos R$ 233 mil na pequena empresa, de um total de R$ 250 mil repassados. Ela foi postulante a deputada estadual e teve apenas 1.315 votos. O restante da verba, que totaliza R$ 56,5 mil, ela declarou ter gasto em uma outra gráfica, a Itapissu, sem sinais de funcionamento efetivo nos endereços que constam na Receita Federal e nas notas fiscais”, emendou. Vidal disse ainda, aos repórteres, que “abriu sua empresa em 2013 e que só investiu ‘nesse negócio de cliente político agora”. — Coloquei quase 40 pessoas em turno de 24 horas. No momento certo, eu vou apresentar (as provas). Agora, não tenho aqui. É um negócio informal — justifica-se.

‘Maior agonia’

Perguntado se a estrutura da empresa estaria compatível com a demanda recebida, disse que tudo registrado nos seus arquivos. — Rodamos um bocado de candidato. É uma loucura, a maior agonia. Tenho tudo no sistema e posso apresentar à Justiça — afirmou. Procurado pela reportagem do Correio do Brasil, o ministro-chefe da Secretaria da Presidência da República, Gustavo Bebianno, não retornou às ligações. E Bivar, por último, disse não haver cometido nenhuma ilicitude.
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