Enquanto a Páscoa celebra renascimento e solidariedade, parlamentares de direita ignoram o clamor por justiça social e tratam casos de corrupção com dois pesos e duas medidas.
Por Vitoria Carvalho – da Sucursal de Brasília
Em um momento em que o cristianismo celebra a Páscoa, símbolo máximo de ressurreição e renovação, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) trava uma batalha solitária e dramática: uma greve de fome que já dura oito dias, em protesto contra a injustiça e a seletividade do sistema político brasileiro. Enquanto isso, boa parte da bancada de direita no Congresso — muitos deles autodeclarados cristãos — permanece em silêncio, quando não aberta mente hostil à sua causa.

O Protesto de Glauber Braga e sua fome por justiça
Glauber Braga, conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos e pela luta contra a corrupção, iniciou sua greve de fome após a decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados depois de aprovar um parecer que pede a cassação de seu mandato. Seu corpo, cada vez mais fraco, tornou-se um símbolo vivo da desigualdade de tratamento entre parlamentares no Brasil. Enquanto alguns são alvo de perseguição política, outros envolvidos em escândalos graves seguem impunes, muitas vezes protegidos por seus pares.
E diante de tanta hipocrisia, enquanto uns são crucificados, outros são absolvidos sem julgamento. Onde está a justiça cristã que tanto pregam? Se avaliarmos podemos observar uma grande diferença de tratamento entre Glauber Braga e Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
A direita e a falta de olhar para o próximo
A postura de setores conservadores diante do protesto de Braga escancara uma contradição: muitos que se dizem defensores dos “valores cristãos” ignoram o princípio básico do amor ao próximo e da justiça. Enquanto Braga arrisca a própria saúde em nome de um ideal, figuras como Chiquinho Brazão que é acusado de mandar matar Marielle Franco, onde ela e o motorista Anderson Gomes foram assassinados, seguem sem qualquer cobrança efetiva, já que na última semana Brazão foi liberado do presídio e cumpre prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
A Páscoa, que deveria ser um momento de reflexão sobre compaixão e redenção, passa longe do Congresso. Parlamentares que carregam a Bíblia no discurso, mas não na prática, parecem mais preocupados em proteger seus interesses do que em agir como verdadeiros cristãos.
A diferença de tratamento
Enquanto Glauber Braga é deixado à própria sorte, outros deputados, como Brazão ou até os golpistas do 8 de janeiro, recebem tratamento diferenciado e recebem apelos por anistia de toda bancada de direita. Essa dualidade revela um sistema que pune alguns e absolve outros, dependendo de suas alianças políticas.
A greve de fome de Braga é um ato extremo em um país onde a justiça parece morrer na mesa de negociações políticas. Se a Páscoa é tempo de renascer, talvez seja hora de o Congresso reviver valores há muito abandonados: ética, compaixão e, acima de tudo, justiça igual para todos.
Enquanto isso, Braga segue em jejum — e o Brasil, em silêncio.
Vitoria Carvalho é estudante de Jornalismo, ativista política e colabora para o Correio do Brasil.