Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Ministro do STF indicado por Bolsonaro pode atrasar cassação de Castro

Kassio Nunes Marques, ministro do STF, pode pedir vista no processo de cassação do governador Cláudio Castro, adiando decisão para fevereiro. Entenda os impactos políticos.

Sexta, 31 de Outubro de 2025 às 19:51, por: CdB

Assessores do TSE também disseram que o ministro geralmente pede vista em ações que envolvem políticos relevantes, como governadores, senadores ou prefeitos de capitais — o que reforça a indicação.

Por Redação – de Brasília

Atual vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques tem dito a interlocutores que poderá pedir vista ao processo de cassação do governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que o tornaria inelegível por até oito anos. O ministro, segundo apurou a mídia conservadora, poderá adiar por até 60 dias a retomada da análise, na Corte, o que levaria a decisão para fevereiro do ano que vem.

Ministro do STF indicado por Bolsonaro pode atrasar cassação de Castro | Nunes Marques tende a votar de acordo com os interesses do segmento político que o indicou ao STF
Nunes Marques tende a votar de acordo com os interesses do segmento político que o indicou ao STF

Auxiliares de Nunes Marques teriam comentado com jornalistas sobre a alta probabilidade de pedidos de vista em processos considerados complexos, especialmente quando o julgamento é pautado com pouca antecedência. O magistrado teria sabido que o caso consta na pauta do Tribunal na véspera, após decisão da Corte de marcar o julgamento para a próxima terça-feira.

Assessores do TSE também disseram que o ministro geralmente pede vista em ações que envolvem políticos relevantes, como governadores, senadores ou prefeitos de capitais — o que reforça a indicação.

 

Intervalo

Um possível pedido de vista, segundo interlocutores do governador, permitiram um fôlego capaz de reduzir a tensão política em torno do caso, especialmente após o impacto da operação policial mais letal da história do Rio, que deixou mais de 120 mortos.

Outro argumento é o de que a relatora do processo, a ministra Isabel Gallotti, encerra seu mandato no TSE nas próximas semanas. Antes de deixar o cargo, a magistrada liberou para julgamento os casos que considera prioritários — entre eles, as ações contra Castro e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil).

Ambos são acusados de abuso de poder político e econômico no uso de recursos públicos em 2022, por meio de projetos financiados pela Fundação Ceperj e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

 

Esperança

Na extrema direita, que sustenta politicamente a gestão do governador fluminense, a avaliação é a de que o TSE teria agido com motivação política, supostamente em “movimento casado” com o governo, ao pautar o julgamento logo após a repercussão da operação policial.

Antes da decisão de Cármen Lúcia, o ambiente entre os aliados de Castro era de tranquilidade, diante da ausência de previsão para o julgamento. A decisão do TSE de colocar o caso em pauta de forma repentina reacendeu o temor de cassação e elevou a expectativa sobre uma intervenção de Nunes Marques, para barrar a continuidade do processo.

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