A suspensão das sanções, anunciada por Trump na terça-feira, permitirá que a Síria receba financiamento para a retomada da economia e projetos de reconstrução.
Por Redação, com RFI – de Damasco
Em seu giro pelo Oriente Médio, o presidente americano Donald Trump se reuniu com o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, em Riade, após anunciar a suspensão das sanções contra Damasco, que o republicano saudou como uma virada decisiva. Donald Trump pediu ao líder sírio, nesta quarta-feira, que expulse os “terroristas” palestinos na Síria, após uma reunião de 30 minutos entre os dois, na presença do príncipe herdeiro saudita, Mohamed Bin Salman e do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que participou da conversa virtualmente.

Trump se tornou o primeiro presidente dos EUA em 25 anos a se encontrar com um líder sírio. “Isso lhes dá uma chance de prosperar as sanções foram realmente severas”, repetiu o líder dos EUA na quarta-feira em uma nova reunião em Riade, desta vez com os líderes e representantes dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que inclui a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, o Catar, o Kuwait e Omã.
A suspensão das sanções, anunciada por Trump na terça-feira, permitirá que a Síria receba financiamento para a retomada da economia e projetos de reconstrução. O país está sob sanções internacionais desde 1979, que foram intensificadas depois que o regime de Bashar al-Assad reprimiu os protestos pró-democracia, em 2011. A decisão atendeu aos pedidos feitos especialmente pela Arábia Saudita e pela Turquia.
O presidente dos EUA também “incentivou” Ahmed al-Sharaa a “expulsar os terroristas palestinos”. Durante décadas, sob o governo de Assad, a Síria acolheu diversas facções palestinas, incluindo membros do Hamas e da Jihad Islâmica.
Trump pediu ainda ao novo chefe de Estado sírio, que chegou ao poder em dezembro à frente de uma coalizão de forças islâmicas que derrubou Bashar al-Assad, que aderisse aos Acordos de Abraão, segundo os quais vários países árabes reconheceram Israel em 2020, de acordo com um comunicado da Casa Branca
O encontro de Trump com Ahmed al-Sharaa aconteceu antes da reunião com líderes e representantes dos países do CCG, que estão em meio a uma transformação econômica e cujo peso diplomático se estende muito além da região do Golfo.
Suspensão de sanções americanas à Síria
Diplomatas sírios saudaram esse “ponto de virada decisivo” na terça-feira, depois que a União Europeia, o Reino Unido e o Canadá já haviam flexibilizado seus próprios pacotes de sanções.
Ahmed al-Sharaa foi recebido no dia 7 de maio no Palácio do Eliseu pelo presidente francês Emmanuel Macron, que fez um apelo para ele proteger “todos os sírios, sem exceção” diante da violência e das atrocidades cometidas entre várias comunidades sírias.
O levantamento das sanções significa que “Washington aceitou as garantias da Arábia Saudita para legitimar o novo governo sírio”, disse Rabha Seif Allam, do Centro al-Ahram de Estudos Políticos e Estratégicos, no Cairo. Isso permitirá que Damasco “receba o financiamento necessário para reanimar a economia, impor a autoridade do estado central e lançar projetos de construção com o apoio claro do Golfo”, acrescentou a especialista.
A notícia foi recebida com comemoração na Síria, onde dezenas de homens, mulheres e crianças se reuniram na noite de terça-feira na Praça Umayyad, em Damasco. A reunião Trump-Sharaa ocorreu apesar da reticência de Israel, um aliado inabalável dos Estados Unidos.
Em Doha, Trump ganha avião de luxo de presente
A primeira visita de Donald Trump à região foi para assinar grandes acordos econômicos. Na Arábia Saudita, a Casa Branca afirmou ter conseguido investimentos no valor de US$ 600 bilhões.
Riade fez um show para Donald Trump, e espera-se que Doha, onde ele estará em visita na quarta-feira, faça o mesmo.
Mas a visita do ex-magnata do setor imobiliário aos líderes do Catar terá como pano de fundo um escândalo político que está ganhando força em Washington.
A oposição democrata nos Estados Unidos acusa o bilionário de ter aceitado “o maior suborno estrangeiro da história recente”. A referência é ap Boeing 747-8 oferecido a Donald Trump pela família real do Catar para substituir, pelo menos temporariamente, seu avião oficial e ser utilizado também após o fim de seu mandato.
O presidente respondeu que o avião era um “presente temporário”.