No ato, ministros do primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presente à cerimônia, criticaram os atos golpistas e a trama de assassinato revelada pelas investigações da Polícia Federal.
Por Redação – de Brasília
Aquela que deveria ser uma solenidade no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira, apenas para anunciar investimentos em obras de infraestrutura na capital paulista cedeu espaço para um desagravo do governo contra a tentativa de golpe de Estado e em defesa da democracia. Entre os convidados, estavam o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), ambos do campo da ultradireita e da direita, respectivamente, e apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No ato, ministros do primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presente à cerimônia, criticaram os atos golpistas e a trama de assassinato revelada pelas investigações da Polícia Federal.
— Não é fácil para um presidente e vice-presidente, que foram ameaçados de morte, de um golpe de Estado e tudo que assistimos recentemente, manter a mesma atitude de compromisso e respeito ao voto popular — afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em seu discurso.
Eleições
Desde a posse do presidente Lula, essa foi a primeira vez que Tarcísio de Freitas visitou o Palácio do Planalto. Ao todo, a Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por uma trama golpista para impedir a posse do presidente, em 2023.
A trama golpista chegou ao conhecimento pública na terça-feira, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou o sigilo da investigação da PF. Os documentos foram enviados à Procuradoria-Geral da República (PGR), que passou a analisar as provas e decidirá se denuncia, ou não, os envolvidos no processo.
O ex-mandatário neofascista, segundo a PF, liderou o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, com o objetivo de promover a ruptura democrática, mas não foi concretizado por “circunstâncias alheias à sua vontade”.
Segundo a PF, “os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca” que Bolsonaro “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e da abolição do Estado democrático de Direito”.
Estadista
Após o discurso de Mercadante, coube ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, enfatizar o risco levado à democracia, no país.
— O senhor mostra, mais do que nunca, a figura de um estadista que não se abala um milímetro, mesmo com todas as informações e notícias que vieram à tona, daqueles que tramaram um golpe de Estado. Chegaram a tramar algo que ninguém nesse salão ou no país imaginava que poderia acontecer. Que alguém teria a coragem de tramar a captura, o sequestro, a morte de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de um presidente da República eleito e de um vice-presidente da República eleito — sublinhou o ministro.
Aliados do principal suspeito de liderar a intentona golpista, o governador e o prefeito de São Paulo preferiram evitar qualquer menção às revelações contidas no inquérito do golpe. Em suas intervenções, apenas exaltaram as parcerias nas obras, com o apoio do BNDES e do governo petista.