Pesquisa acrescenta pressão social à do Judiciário contra o governador Tarcísio de Freitas, que não só é contra o uso do equipamento como também chancela operação da PM que já matou 45 na Baixada Santista.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Praticamente nove em cada 10 paulistanos são a favor de câmeras corporais nos uniformes de policiais. É o que revelou pesquisa divulgada pelo Datafolha neste domingo. Das 1.090 pessoas consultadas entre os dias 7 e 8 de março, 88% querem o uso do equipamento contra apenas 8% de contrários. O restante, 3%, se disse indiferente.
Além de perguntar se o entrevistado “é a favor ou contra o uso de câmeras nos uniformes de policiais para que todas as suas ações durante o horário de trabalho sejam filmadas”, o Datafolha quis saber se “o uso de câmeras nos uniformes contribuiria muito, um pouco ou não contribuiria nada” para fatores ligados à violência policial, de criminosos e relacionados à redução da mortes. Em todos os cenários apresentados o apoio foi da grande maioria da população, com índices variando de 62% e 82%.
Tarcísio de Freitas é contra
O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), colocou-se contra as câmeras corporais por diversas vezes, especialmente durante o período eleitoral. No ano passado, o primeiro da gestão dele, fez cortes acima dos R$ 25 milhões no orçamento da verba destinada ao programa Olho Vivo, que prevê a implementação do equipamento. Agora em 2024, em janeiro, voltou a contestar a efetividade da iniciativa. Em entrevista ao jornal Bom dia SP, da TV Globo, no dia 2, ele ignorou estudos a respeito, alegando que o equipamento não oferece segurança ao cidadão.
De acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado em 2022, o uso das câmeras corporais nas fardas evitou ao menos 104 mortes naquele ano. Além disso, a letalidade dos policiais chegou ao menor índice da história. O programa é elogiado por especialistas em segurança pública por proteger também a vida dos policiais. Eles contestam apenas as brechas que vêm permitindo que PMs manipulem as câmeras corporais, burlando, por exemplo, o sistema de armazenamento das imagens captadas em serviço.
Massacre na baixada
Na última sexta-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, deu prazo de 10 dias para Tarcísio de Freitas se manifestar diante de ação da Defensoria Pública de São Paulo que pede que as câmeras corporais sejam de uso obrigatório. A Defensoria tenta reverter decisão do Tribunal de Justiça do estado suspendendo a utilização.
O embate jurídico ocorre em meio a execução da Operação Verão, que ocorre na Baixada Santista. A Defensoria destaca que a ação da PM torna o uso dos equipamentos ainda mais urgente. Eles citam as acusações de “execuções sumárias, tortura, prisões forjadas” na ação da PM que, em pouco mais de um mês, já se tornou a mais letal do estado desde o massacre do Carandiru, em 1992. Até o momento, a operação soma 45 mortes.